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PUBLICADA EM 08.02.14
Carlos Augusto Brandão
George Clooney foi o centro das atenções no último sábado na 64ª edição do Festival de Berlim.
Caçadores de Obras-primas, seu novo filme – selecionado fora de competição – foi exibido numa prévia para a imprensa, com gente saindo pelo ladrão.
O filme aborda um assunto que ressurgiu com a descoberta das 1.400 obras de artes num apartamento de Munique. A coleção de objetos encontrados parece incluir obras primas de Marc Chagall, Max Liebermann, Ernst Ludwig Kirchner, Oskar Kikoschka, Edward Munch, Emil Nolde e Albrecht Durer. Mas ainda faltam serem encontrados milhares de bens culturais e documentos que valem bilhões de dólares.
Baseado numa história real – e inspirado no livro Caçadores de Obras-primas – Salvando a Arte Ocidental da Pilhagem, de Robert Edsel e Bret Witter (Ed. Rocco) – o filme é ambientado durante a Segunda Guerra Mundial e focaliza um grupo incomum de investigadores criado pelos aliados para irem à Alemanha resgatar obras primas artísticas de ladrões nazistas e retorná-las aos seus proprietários legítimos.
Era uma missão difícil. Com a arte aprisionada atrás das linhas inimigas e o exército alemão com ordens de destruir tudo caso o Reich caísse e Hitler morresse, era quase impossível que um grupo – composto por diretores de museu, curadores e historiadores de arte tornados soldados– tivesse esperanças de ser bem sucedido.
Mas os Homens Monumentos, como eram chamados, se viram numa corrida contra o tempo para evitar a destruição de mil anos de cultura e arriscaram suas vidas para proteger e defender algumas das maiores obras da humanidade.
Clooney – que escreveu o roteiro junto com Grant Heslov (também produtor do filme) – reuniu um time de peso no elenco: Matt Damon, Bill Murray, John Goodman, Jean Dujardin, Bob Balaban, Hugh Bonneville e Cate Blanchett.
A coletiva após a projeção foi uma loucura, com centenas de jornalistas sem conseguir entrar num auditório onde não cabia mais ninguém.
Acompanhado de Damon, Murray, Goodman, Dujardin, Balaban, Bonneville e Heslov, Clooney defendeu a importância de lutar por cultura.
“Não se tratava de salvar um quadro, uma escultura, mas sim a própria cultura. Os Caçadores não eram soldados comuns. Eram historiadores de arte, pintores, escultores, arquitetos, artistas, que foram recrutados para uma missão muito especial”, disse o diretor apoiado por Damon.
“Não seriam apenas as obras que seriam destruídas. Seria o desaparecimento da cultura de povos. A questão não é apenas salvar porque a arte é bonita, mas também e principalmente pelo que ela representa”, afirmou o ator, que no filme interpreta James Granger – papel inspirado em James Rorimer, que se tornou o diretor do Metropolitan Museum of Art.
Clooney lembrou que o filme levanta a questão de que até os dias de hoje centenas de obras ou continuam desaparecidas ou não foram devolvidas a seus donos. Mais do que isso, roubos e destruição de obras da humanidade, infelizmente não são coisas do passado. Aconteceu há pouco tempo no Iraque e está acontecendo na Síria. É um assunto real e urgente”, ressaltou.
O diretor está otimista que o filme traga resultados para os dias de hoje, mas também para gerações futuras.
“Sabemos que, recentemente, muitas obras descobertas pelos Caçadores, foram devolvidas e reparadas, embora ainda haja muita coisa perdida. É um longo processo, mas é preciso entender o quão importante arte é para a humanidade. Se este filme levantar alguma discussão, já estarei recompensado”, disse Clooney, que tem sido um habitue da Berlinale como produtor, ator e diretor. Caçadores de Obras-primas é sua segunda aparição como diretor na mostra oficial, após Confissões de uma Mente Perigosa (Berlinale 2003).
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