UM FILME SOBRE A SOLIDÃO
     
 

PUBLICADA EM 08.02.14

Myrna Silveira Brandão

O Homem das Multidões, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães, teve sua estreia no Festival de Berlim.

A sessão de gala – no Kino International, o grande cinema da Berlim Oriental onde ocorriam as estreias do Leste Europeu – estava lotada e O Homem das Multidões foi bastante aplaudido.  
 
O filme – já lançado no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo entre outros – integra a Panorama, a paralela mais prestigiada da Berlinale.     
 
A história, inspirada no conto O Homem da Multidão, de Edgar Allan Poe (1809-1849), retrata duas histórias diferentes de solidão: a de Juvenal (Paulo André)  condutor de trem do metrô, que se mistura na multidão para conseguir conviver com o fato de estar só; e de Margô (Silvia Lourenço),  controladora da estação, que não se desliga do mundo virtual das redes sociais.
 
O elenco também conta com Jean-Claude Bernadet, que faz o pai de Margô e com a excelente   fotografia de Ivo Lopes Araújo.
 
Numa definição para o Homem das Multidões, Gomes diz que ele  “é uma combinação da solidão da era analógica com a solidão digital”.
 
O filme completa a trilogia da solidão realizada por Guimarães e iniciada com A Alma do Osso (2004) e seguida de Andarilho (2007).
 
“Depois de mostrar um solitário nas montanhas e outro nas estradas, eu queria agora alguém da cidade que quisesse estar sozinho, mas não conseguirsse, por conta do excesso de gente”, descreve Guimarães (leia entrevista completa exclusiva ao Mccinema abaixo).  
 
Na coletiva após a projeção, os diretores – acompanhados por André, Lourenço, Araújo e os produtores – conversaram com a plateia sobre o filme, a expectativa em Berlim e os possíveis resultados para a carreira do longa.
 
 
ENTREVISTA
 
Antes da sessão, Guimarães conversou com o Mccinema e  expressou sua satisfação pela estreia internacional do filme na Berlinale.
 
“Estou muito feliz, ainda mais neste ano  que o Brasil está muito bem representado. Além da Oficial  e a Panorama está em várias outras mostras, é bom para o Cinema Brasileiro”,  disse Guimarães que está pela primeira vez na Berlinale.
 
“Eu ainda não tinha estado em Berlim. Já estive em outros grandes festivais –  Cannes, Veneza Sundance, Locarno –  mas eu acho que este é um festival menos comercial, autoral e a mostra que a gente está, a Panorama, foi perfeita para o filme.  Eu gostei muito, não suporia estar numa principal, acho que não bate muito com  o tipo de cinema que eu realizo, que eu gosto, que eu acredito, destacou  o diretor desejando que o filme tenha muitas respostas do público daqui.
 
“Na verdade, eu espero o  que qualquer diretor gostaria de passar para o público.   Nosso filme é uma obra aberta,  é aquele filme que,  quando é assistido, pode se tornar outra coisa, muito além do que já era”, explicou Guimarães afirmando que O Homem das Multidões  permite muitas leituras a depender do público e do lugar”.  
 
“O Festival recebe gente do mundo inteiro e eu acho mesmo que a Panorama é uma mostra  bem frequentada e por pessoas ligadas em cinema.  Nosso filme é muito estranho, é um trabalho experimental que leva em conta a plateia  e espera um espectador mais ativo do que passivo. Acho que aqui teremos um tipo de recepção específica de um público muito diversificado”, ressaltou. 

 

 

     
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