TARDE PERUANA NA BERLINALE
     
 

PUBLICADA EM 12.02.14

Myrna Silveira Brandão

O destaque ontem da competitiva oficial na 64ª edição do Festival de Berlim foi Aloft, de Cláudia Llosa.

A diretora volta à Berlinale depois de ter surpreendido público e crítica em 2009 ao derrotar renomados concorrentes e levar o Urso de Ouro para o Peru com A Teta Assustada.
 
Em 2012, Llosa voltou a ser premiada no festival alemão com o Teddy Award pelo seu curta-metragem Loxoro.
 
Embora já tivesse tido muito sucesso com Madeinusa, seu filme de estreia – que teve seu lançamento em Sundance 2006 – mesmo assim Llosa não estava entre os favoritos para os prêmios.
 
Pode ser que agora os olhos fiquem mais atentos para a talentosa diretora, que marca sua estreia na filmagem em inglês, com atores de várias nacionalidades e numa coprodução com a Espanha, Canadá e França. 
 
O filme – que teve locações em Minnesota e em Manitoba, no Canadá – cobre dois períodos de tempo e segue uma mãe (Jennifer Connelly) e seu filho (Cillian Murphy), separados há vários anos, desde que um trágico acidente marcou suas vidas para sempre.  Ela se torna uma artista de renome e ele é um falcoeiro, especialista no treinamento dessas aves. No período  presente, uma jovem jornalista (Mélanie Laurent) tentará provocar  um encontro para aproximá-los novamente.
 
Coerente com as características presentes na obra de Llosa, a história é pano de fundo para uma reflexão sobre o sentido da vida e da arte, discutindo a possibilidade de, apesar de eventuais turbulências surgidas no caminho, vivermos  a vida ao máximo.
 
Na coletiva após a projeção, Llosa falou do filme e do ótimo elenco, liderado por Connelly e que, como  reconheceu, foi fundamental para o resultado final. 
 
“Não encontro palavras para descrever o que significou trabalhar com um elenco tão maravilhoso. Jennifer é uma atriz de uma enorme sensibilidade. Sua qualidade humana e sua entrega me emocionaram”,  declarou a diretora, explicando o cerne do seu filme.
 
“É a história de uma mãe que abandona sua criança, de um jovem que abandona a si mesmo e de uma mulher que abandona sua vida para seguir uma obsessão. Três personagens tentando construir uma vida plena enquanto assumem suas fragilidades e incertezas”, resumiu.
 
Para a diretora, o filme traça uma jornada através dos mundos da arte e da natureza mostrando como essas forças são impossíveis de entender através de um pensamento apenas racional.
 
“É um filme sobre ciclos, estações, renovação, mudança, que força os espectadores  a ir junto nessa jornada –  uma jornada ao infinito, uma jornada para dentro deles mesmos”, definiu a diretora que é sobrinha do Nobel de Literatura, Vargas Llosa.
 
A decisão de escolher Manitoba para as locações começou com o designer de produção espanhol Eugenio Caballero.
 
Enquanto trabalhava no projeto de produção de Cidades Desertas, um longa-metragem que locou em Manitoba, no outono de 2012, Caballero pensou que o local era perfeito para seu próximo projeto Aloft (que estava em desenvolvimento na época).
 
Ele  levou a ideia para Llosa e ambos resolveram realizar o projeto, com ajuda da estrutura local de turismo, conforme atestou Ron Lemieux, Ministro do Turismo, Cultura, Patrimônio e Desporto, na ocasião do acordo para as filmagens.
 
 “Manitoba tem trabalhado para se tornar um centro de produção de filmes e se orgulha de ter tido um papel em ajudar este magnifico filme vir a ser concretizado”, declarou o Ministro.
 

     
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