UM TOQUE DE PECADO
     
 

19.09.13

Carlos Augusto Brandão

Nova York

Tian Zhu Ding (A Touch of Sin, Um toque de Pecado em tradução literal), de Jia Zhang-Ke trata de questões relacionadas com a China contemporânea, um tema recorrente na obra do diretor chinês, em trabalhos anteriores como Plataforma, Prazeres Desconhecidos e 24 City, entre outros.

O filme foi o destaque ontem das sessões prévias para a imprensa da 51ª edição do Festival de Nova York

Conhecido por filmes contemplativos, quase documentais, o cineasta agora se volta para a violência com quatro histórias desenroladas na China contemporânea.

A primeira já dá uma ideia do que vem a seguir. Numa província distante, um homem se cansa de ver o chefe do comitê local se apropriar dos bens coletivos. Ao invés de repartir os lucros como prometera, ele compra um avião para uso pessoal.  Munido de um rifle, ele decide resolver a questão de forma trágica.

Na segunda, um jovem viajante se utiliza de um revólver para ganhar a vida. Na seguinte, a recepcionista de uma sauna apela  para a fúria no sentido de coibir o abuso dos clientes.  E na última, um homem que não para em nenhum emprego, vai ter que pagar dívidas de uma tragédia do passado.

O diretor reconhece que tem construído seus filmes no tênue limite entre ficção e realidade.

“Meus filmes têm um componente de ficção, mas com um viés  na realidade e no contexto político. Meu objetivo é contar histórias usando todas as linguagens que conheço. Eu procuro controlar todo o processo criativo do meu trabalho: escolho as histórias, escrevo os roteiros, seleciono os atores, enfim, meus filmes refletem minha opinião, meu pensamento e minhas convicções”, afirma enfatizando que sua persistência no tema vem da certeza de que o passado explica o presente.

Narrado num tom documental, o filme  torna bastante plausível a análise sociológica que Zhang-Ke faz dos problemas e angústias da população  do País.

 “A história oficial criou uma falsa imagem da China para todos e também para os próprios chineses na era Mao. Isso continua hoje, porque temos uma censura forte. Os problemas da China contemporânea têm suas raízes nesse passado”, afirma.

     
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