KEN LOACH RECEBE URSO HONORÁRIO EM BERLIM
     
 

PUBLICADA EM 14.02.14

Myrna Silveira Brandão

O diretor britânico Ken Loach recebeu hoje (13.02) na 64ª edição do Festival de Berlim, o tradicional Urso Honorário, um reconhecimento pelo conjunto da obra.

 
Numa coletiva com a imprensa, que antecedeu à entrega do Prêmio, um Loach extremamente simpático e sorridente deu lições sobre o cinema, a turbulência do mundo atual e, como não podia deixar de ser, sobre  política.
 
“Filmar é um privilégio.  Cada filme é uma viagem, bem como os personagens que tentamos colocar na tela.  Eu tento mostrar pequenos incidentes, o microcosmo, há tantas histórias para contar”, ressaltou Loach,  explicando como escreve os roteiros. 
 
“Na verdade, é feito por um grupo. Temos uma grande discussão, trocamos informações, ideias, e disso sai uma história, que a gente vai burilando até que seja possível descrever as pessoas que queremos que vocês conheçam”, disse acrescentando que um filme começa grande no roteiro inicial,  vai estreitando quando definimos os personagens. Depois o processo vai alargando de novo e volta a ficar estreito  na edição.
 
Sobre o mundo atual, o veterano cineasta acha que hoje estamos pior do que antes.
 
“Será que há futuro para a Europa? Acho que ela vai continuar como é.  Uma grande corporação, privatização e  a força do trabalho sendo usada para isso.  A Europa deveria buscar a cooperação e não a competição”, disse fazendo um alerta:
 
“Quanto menor a ambição, maior a probabilidade de se mudar alguma coisa”.  
 
Ao final, lembrou que há  uma mágica no celulóide que as pessoas estão perdendo com o digital e coisas semelhantes.
 
“Quando a gente entra numa sala escura e começa a ver um filme, a imaginação começa a funcionar.  Na televisão isso não acontece, a gente  levanta, vai tomar café, atende o telefone.... enfim, mas o cinema ficará”, profetizou. 
 
 
Uma trajetória coerente
 
A obra de Loach – que em muitos filmes trabalha com atores não profissionais – têm trilhado a tênue linha entre documentário e a ficção.
 
Desde o início de sua carreira, o diretor  tem sido sempre atraído por histórias comoventes sobre o cotidiano de pessoas comuns em filmes como Kes (1969), seu segundo longa que obteve sucesso internacional; Meu Nome é Joe (1998), a  história dramática de amor entre um ex-presidiário alcoólatra e uma assistente social;  Os Navegadores (2001), sobre a solidariedade dos trabalhadores rodoviários durante a privatização da companhia ferroviária britânica; e  Terra e Liberdade (1995), que faz um paralelo da  Guerra Civil Espanhola com a Inglaterra atual.
 
O tributo ao cineasta  pelo conjunto de sua extraordinária obra é acompanhado aqui por  uma retrospectiva com 10 dos seus filmes,  entre outros a série de tevê Cathy Come Home, Terra e Liberdade, Meu Nome é Joe, Os Navegadores e À Procura de  Eric.
 

     
  » Imprimir  
 
   
  Seja o primeiro a comentar esta matéria (0) Comentário  
   
   
  Voltar