CLÁSSICO RESTAURADO DE RESNAIS NO NYFF
     
 

PUBLICADA EM 16.07.14

Carlos Augusto Brandão

Hiroshima, Meu Amor, do cineasta francês Alain Resnais, recentemente restaurado, será mostrado no Festival de Nova York

A sessão será um dos destaques da mostra Revivals, que  se caracteriza por trazer de volta aos espectadores filmes recuperados, na forma de um retorno de forma nova e diferente.
 
Como ressalta Ken Jones, diretor do NYFF, os filmes constantes da mostra representam um corte transversal na história do cinema.
 
 “Para mim, revisitar os filmes antigos pode ser uma experiência mais rica do que ver novos filmes. Se você estiver vendo qualquer um desses filmes pela primeira vez, terá uma experiência inesquecível”, declarou Jones, manifestando sua satisfação com a sessão do clássico de Resnais.
 
“Essa exibição é um orgulho para nós. Hiroshima Mon Amour é um dos filmes mais importantes da história do cinema. É muito difícil quantificar seu impacto”, ressaltou.
 
O filme foi restaurado pela Argos Films, Fondation Groupama Gan e a Cinemateca de Bolonha.
 
 
OBRA DE REFERÊNCIA
 
Com o roteiro de Marguerite Duras (indicada ao Oscar na categoria ), a mensagem passada do filme transcende a intensidade do encontro entre os personagens de origem e cultura diferentes, já que é uma reflexão e tomada de consciência sobre a guerra nuclear e suas consequências. Resnais e Duras traçam um paralelo entre o destino trágico de um indivíduo e o horror coletivo das vítimas da bomba atômica.  
 
Uma das obras chaves de Resnais e,  por sua singularidade, um referencial importante da história do cinema. A questão da memória e do esquecimento é um dos elementos centrais do filme. A relação amorosa estabelecida em Hiroshima permite a reconstituição de um trauma do passado da atriz, através do episódio esquecido que remota à época em que ela vivia em Nevers, pequena cidade francesa.
 
O apelo à memória faz com que a personagem reviva e redescubra o que se passou em Nevers, como se os elementos esquecidos e reprimidos de seu passado e os fragmentos de sua história viessem à tona. 
 
O filme é formado por três partes. A primeira se apresenta em forma de documentário mostrando os horrores que a bomba atômica causou à população de Hiroshima. Cenas terríveis de pessoas mutiladas, carbonizadas, tendo como pano de fundo a  música de Georges Delarue e a fotografia expressionista de Sacha Vierny.
 
A segunda parte é uma história de amor entre uma francesa (Emmanuelle Riva) que vai a  Hiroshima gravar um filme sobre a paz e tem um relacionamento amoroso com o  japonês (Eiji Okada). Ambos são  casados, ela é atriz, ele arquiteto.
 
A terceira é um flashback que remonta a adolescência dela em Nevers, na Bretanha, na época da ocupação nazista. Lá, ela se apaixona por um oficial alemão.  
 
Ao mesmo tempo cinema, literatura, política, história e filosofia, o filme é o primeiro longa-metragem de Alain Resnais que faria da memória o grande tema do seu cinema.
 

     
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