PUBLICADA EM 16.09.14

Carlos Augusto Brandão

A primeira vez que Asia Argento esteve no Festival de Nova York, já despertou atenção.

Foi em 2007, como atriz no filme  Uma Velha Amante,  de Catherine Breillat, no difícil papel de uma cortesã, a tempestuosa espanhola Vellini.
 
Agora ela está aqui nesta 52ª edição,  como diretora do seu quarto longa-metragem, o esperado Incompresa (Misunderstood), espécie de autobiografia centrada na separação dos seus pais.
 
O filme é a história de Aria, uma sonhadora menina na Roma dos anos 1980, contada com humor e amor pela diretora, que cresceu em circunstâncias similares, no mesmo lugar e na mesma época.
 
Ignorada por seus pais divorciados e narcisistas e, atormentada pelos seus irmãos convencionais e manipuladores,  Aria (a maravilhosa Giulia Salerno, de 13 anos) vai e vem entre dicas de sua mãe cantora (Charlotte Gainsbourg) e seu pai ator (Gabriel Garko), tendo como única companhia, um gato enorme que gosta mais de sua própria pele do que da dos humanos.
 
Aria é uma escritora talentosa e precoce que consegue transformar  o caminhar de seu gato em aventuras, algumas vezes assustadoras e perigosas,  misturadas às amenidades do cotidiano.
 
Sobre a origem do seu filme – extremamente real, direto e inteligente – a diretora conta que estava fazendo uma pesquisa para outro roteiro,  quando se deparou com três páginas impressionantes, que descrevia uma menina que era jogada fora por seus pais.
 
“Sem ter para onde ir, ela vagava  pelas ruas de Roma com sua mala e seu gato preto.  Mostrei para minha amiga e roteirista Barbara Alberti, ela também ficou impressionada e nós começamos a trabalhar em um roteiro baseado nessa imagem”, explica.
 
Para Asia, um dos pontos altos de ter feito o filme foi a estreia no cinema de Anna-Lou Castoldi, sua filha de 12 anos.
 
“Ela é a sexta geração da nossa família de cineastas e nunca tinha atuado em um filme antes”, se orgulha, acrescentando que adora trabalhar com jovens atores. 
 
“Eles estarão no meu próximo filme, que será ambientado em Detroit, no início da década de 1990.  Quero mostrar o  nascimento da Techno e  o declínio da “Motor City” , antecipa a talentosa diretora, filha do mestre do terror Dario Argento.