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PUBLICADA EM 16.09.14
Carlos Augusto Brandão
Um dos destaques ontem do Festival de Nova York foi Last Hijack, de Tommy Pallotta e Femke Wolting
O filme que estreará para o público dia 28.09, foi exibido na Mostra Convergência.
A seção é uma mistura de filmes únicos, painéis e experiências de imersão. O projeto nasceu sob a constatação que o advento da era digital criou uma nova audiência que não inclui apenas consumidores passivos de entretenimento, mas também os ativos.
O documentário aborda o fenômeno da pirataria na Somália com uma estrutura narrativa que tem duas linhas de história interconectadas: uma mostrando o “presente”, através do cotidiano dos piratas e suas comunidades, e a outra o “passado”, revelando um ataque numa sequência de animação épica.
Um grande pássaro predador agarra um navio cargueiro e voa com ele. A cena enseja a possibilidade de deixar a realidade para trás e criar um símbolo de pirataria.
É muito interessante a intenção dos diretores de mudar a ação real para versões animadas com os personagens.
O diretor Pallotta é o produtor do ótimo Waking Life, de Richard Linklater e Wolting, é um constante colaborador do cineasta inglês Peter Greenaway.
O trabalho de arte de Hisko Hulsing lembra as melhores ilustrações infantis, pintadas com o uso de poucas cores para contrastar e clarificar.
Nos anos recentes, as ações de pirataria na Somália tem tido uma atenção relevante da mídia o que torna surpreendente que tão poucos cineastas tenham mostrado o outro lado da história.
A divulgação multimídia, no entanto, não deixa de ser muito importante, inclusive para situar a história local no contexto do resto do mundo e, dessa forma, representar verdadeiramente o efeito borboleta que a ação de um homem pode ter.
Last Hijack é feito com uma história como se fosse os bastidores de Capitão Phillips, de Paul Greengrass, que abriu a 51ª edição do NYFF.
O curador da seção Convergente Matt Bolish diz que uma coisa muito interessante e inusitada foi o nível de acesso do diretor a um pirata real.
“Ele não só permitiu a entrada na sua vida doméstica e até em um ataque que ele realizou”, conta.
O pirata (Mohamed), por sua vez, reconhece que está contra a lei, mas parece não estar muito preocupado com isso.
O filme foi selecionado para a Mostra Panorama em Berlim. Indicado ao Cristal de Animação no Festival Internacional de Annecy.
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