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PUBLICADA EM 17.09.14
Carlos Augusto Brandão
Hill of Freedom, de Hong Sang-soo, foi mostrado ontem na prévia para a imprensa do Festival de Nova York.
Como sempre, o filme desperta reações diferenciadas, já que a filmografia do diretor sul-coreano é conhecida por atrair críticos e admiradores.
A história segue Kwon (Seo Young-hwa), que está retornando a Seoul após uma estadia restauradora nas montanhas. Alguém entrega a ela um pacote de cartas, escritas por Mori (Ryo Kase), um jovem que acaba de chegar do Japão e tenciona pedi-la em casamento.
Ao descer uma escada, Kwon derruba e espalha no chão todas as cartas, que não estão datadas.
Quando ela tenta lê-las, vai precisar dar um sentido à cronologia, o que também é exigido de nós, espectadores.
O novo e intrigante filme de Sang-soo, alternadamente engraçado e impressionante, traz uma série de cenas desordenadas baseadas nas cartas, evidenciando o deslocamento cultural sentido por Mori.
O diretor de A Visitante Francesa, Hahaha e Filha de Ninguém, todos mostrados aqui no NYFF, diz que entre as razões de ter feito Hill of Freedom está a sua busca constante pela originalidade.
“Eu prefiro falar de temas inéditos, que podem ser até comuns, ao invés de repetir aqueles que já foram abordados no cinema quase à exaustão”, explica Sang-soo, conhecido por filmar sem um roteiro acabado e não dar conhecimento prévio aos atores quando os convida para participar do elenco.
“O filme começa com um argumento que eu escrevo para o produtor. Mas as cenas eu prefiro definir na manhã em que serão filmadas, inspiradas nas coisas que acontecem naquele dia, em momentos que vão surgindo.”, explica Sang-soo.
Outra característica forte na sua obra é o tom natural dos atores, que segundo ele, decorre de um trabalho em equipe.
“Após ter delineado o perfil dos personagens, eu converso com os atores e procuro me inteirar sobre eles: sua vida, seu passado, seus interesses e, se for necessário, reformulo coisas. Não trabalho com ideias imutáveis, filmar é um processo, etapa por etapa”, ensina.
Já tendo realizado dezesseis filmes numa carreira de três décadas, é inegável que Sang-soo já mostrou que tem talento para contar uma história, ao mesmo tempo simples e complexa, num estilo de cinema muito pessoal.
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