HEAVEN KNOWS WHAT EMOCIONA NYFF
     
 

PUBLICADA EM 18.09.14

Myrna Silveira Brandão

Heaven Knows What, de Ben e Joshua Safdie, impactou ontem no Festival de Nova York.

O filme expõe situações que fazem parte do cotidiano dos personagens – compra e venda de drogas, brigas ou sexo em plena rua, tentativas de suicídio – que escapam à sua compreensão por estarem bem distantes de suas vidas.
 
O roteiro, escrito pelos irmãos Safdie e Ronald Bronstein, é inspirado no livro Mad Love in New York City de Arielle Holmes, que também protagoniza o filme.
 
A trama segue Ilya (Caleb Landry Jones) e Harley (Holmes), dois jovens viciados em drogas e sua luta pela sobrevivência numa sofisticada Nova York que os ignora.  Tendo como cenário, as belas edificações nova-iorquinas, a universalidade do tema, no entanto, lembra que a  história poderia se passar em qualquer parte do mundo. Em muitos momentos, lembra fortemente os grupos de usuários de crack que moram em ruas do Brasil.
 
O filme é competente ao recriar uma realidade cruel da forma mais visível possível: a maioria dos planos foi feita com câmera na mão, sem cortes demasiados, filmados diretamente na rua e os diálogos são tão eloquentes, que parecem improvisados.
 
O tênue fio entre a ficção e um forte viés documental contribui para a empatia da audiência com os  decadentes e autodestrutivos personagens, tratados pelos diretores com respeito à sua realidade, no seu filme mais duro até agora.
 
A competente cinematografia, de Sean Price Williams, expressa a visão turva dos jovens que não podem sequer imaginar o quanto eles são invisíveis aos nova-iorquinos que têm sua condição social e empregos assegurados.
 
Holmes, de 20 anos, tem uma atuação impressionante, interpretando com brilhantismo um ser humano em busca de uma identidade, mesmo que seja para tê-la em seu reduzido mundo.
 
 
Leia os principais trechos da coletiva com os diretores que se revezaram nas respostas sobre a origem do filme e a esperança que ele leve as pessoas a prestarem  mais atenção a uma parte da sociedade que muitas vezes passa ao largo dela.
 
Sobre a origem do filme
 
“Nós estávamos buscando um patrocínio  para outro filme com Holmes, sem saber que ela realmente tinha sido indigente e drogada. Daí nos demos conta que estávamos escrevendo  sua própria história”.
 
Sobre as dificuldades para realizar as filmagens
 
“É muito difícil filmar nas ruas em Nova York. Inicialmente, é necessário ter uma permissão especial das autoridades.  Outro problema é que em todos os locais tem muita gente, muitos curiosos.  Eles passam, param, ficam olhando  e, a depender da cena, é preciso interromper”. 
 
Sobre os problemas do som
 
“O som foi um problema sério.  O  som da rua é muito forte e às vezes ele fica dominante na cena. Filmar em Nova York é muito complicado.”.
 
Sobre o trabalho de roteiro
 
“Fizemos algumas adaptações, inclusive evitamos colocar nomes de pessoas da família, das pessoas viciadas, mas em muitas partes espelha a realidade dos drogados”.
 
Sobre a principal mensagem do filme 
 
“A história de Holmes  foi base para o filme sobre a vida de uma adolescente viciada. As  imagens mostradas na tela são de um mundo invisível para a maioria das pessoas. Eu espero que os espectadores prestem mais atenção a uma parte da sociedade que muitas vezes passa ao largo para eles”.
 

     
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