PUBLICADA EM 26.09.14

Carlos Augusto Brandão

Garota Exemplar (Gone Girl), de David Fincher, abre hoje (26.09) para o público a 52ª edição do Festival de Nova York.

 Como já tinha acontecido  em 2010 com A Rede Social, o diretor americano volta a ter a primazia de ter seu filme na noite de abertura.
 
Mostrado numa lotadíssima prévia para a imprensa poucas horas antes da estreia, o aguardado novo trabalho de Fincher – um thriller protagonizado por Ben Affleck e Rosamund Pike – recebeu apenas  palmas educadas da plateia de jornalistas presente à sessão. 
 
Baseado no best-seller homônimo de Gillian Flynn, a história segue Nick Dunne (Affleck),  cuja esposa Amy (Pike) desaparece no dia em que eles celebram o 5º aniversário de casamento.  Ele é considerado o principal suspeito.
 
O bom elenco conta também Tyler Perry e Neil Patrick Harris, que tem um papel importante na intrincada trama.
 
Alternando momentos de comédia, drama policial e humor negro, o filme traça de forma indireta  uma visão  da classe média americana, ao mesmo tempo em que expõe as fraquezas do casamento e o poder da mídia que pode, da noite para o dia,  celebrizar ou prejudicar pessoas.
 
Ken Jones, diretor do NYFF e membro do comitê de seleção, manifestou sua satisfação por ter o filme dando partida ao evento.
 
“Gone Girl é muitas coisas de uma vez só.  É baseado numa obra literária fenomenal e dirigido por um dos maiores diretores americanos da atualidade.  Estamos bastante orgulhosos de ter a première mundial deste filme abrindo a noite de gala do festival”, declarou.
 
Na descontraída e divertida coletiva após a projeção, Fincher explicou a razão de voltar a fazer um thriller.
 
“Essa questão – se alguma outra vez eu voltaria a fazer um thriller  – eu mesmo coloquei para mim várias vezes . Mas eu nunca digo nunca.  Na verdade, eu não estava  procurando isso, mas também não estava evitando”, disse, revelando que seu entusiasmo pela história do livro foi imediato.
 
“Flynn tem perfeita consciência do que os personagens estão fazendo.  Gone Girl é algo que eu nunca tinha filmado antes: um estudo de narcisismo e auto inventividade”, declarou dizendo que foi preciso encontrar o tom certo para adaptar a obra para o cinema.
 
Numa definição sobre o filme, disse que  Gone Girl é uma louca viagem cinemática.
 
“É um filme sobre um bom marido, uma boa esposa, um bom vizinho, o bom cristão, o bom americano.  Nele eu precisava  também de música que está lá apenas para acalmar e convencer”, brincou.
 
Affleck, muito aplaudido quando subiu ao palco, disse que o filme coloca questões difíceis sobre o casamento e, muitas vezes, sobre coisas não muito bonitas e mesmo obscuras.
 
“Mas gostei muito de ter feito este filme e aprendi muito com o David  (Fincher).  Acho que o  meu personagem significará uma coisa para os homens e outra para as mulheres”, afirmou.
 
Respondendo a uma pergunta sobre como definiria sua personagem, Pike descreveu várias cenas do filme e concluiu.
 
“Ela faz parte de um casal que está sendo examinado no filme como se fosse num microscópio”.
 
Ser considerado por muitos como um diretor perfeccionista não agrada ao diretor americano: pelo contrário, é algo que o aborrece bastante.
 
“Eu não gosto da palavra perfeccionista porque eu acho que ela é uma marca, é uma maneira educada de dizer compulsivo”, disse, complementando que é um termo que as pessoas usam quando não tem ideia de como é verdadeiramente  fazer um filme.