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PUBLICADA EM 11.10.14
Myrna Silveira Brandão
Foxcatcher, de Bennett Miller (O Homem que Mudou o Jogo) narra um episódio real da vida de John du Pont (1938-2010), um milionário de tradicional família americana.
Ele resolveu bancar dois irmãos medalhistas olímpicos em luta livre (vividos por Channing Tatum e Mark Ruffalo) e acabou assassinando um deles em 1997.
Du Pont é vivido por Steve Carell – famoso por papéis cômicos como na série The Office ou no filme O Virgem de 40 anos (2005) – que tem uma ótima atuação. Está sério e irreconhecível e provavelmente no melhor papel de sua carreira até agora.
Tatum e Ruffalo, também estão muito bem, assim como a veterana Vanessa Redgrave, que faz a possessiva e autoritária mãe de Du Pont e é certamente causa dos seus inúmeros problemas psicológicos.
Du Pont foi um ser controverso e com uma estranha personalidade: o patriotismo exacerbado, a exaltação dos valores, o autoritarismo disfarçado de camaradagem, tudo isso e mais a presença onipotente da velha mãe.
O filme foi mostrado ontem para o público na 52ª edição do Festival de Nova York.
Candidato à Palma de Ouro, Foxcatcher deu a Miller o prêmio de melhor diretor em Cannes / 2014. Na ocasião, ele e Carrell falaram sobre o filme e a preparação para interpretar o personagem. Leia os principais trechos:
Miller, sobre a pesquisa para o filme e as dúvidas que teve antes de escalar Carrell para viver Du Pont:
“Muitos livros foram escritos sobre John e sua família, pesquisei o máximo que pude e vi os documentários em vídeo que John mandava produzir sobre si mesmo”.
“Eu não via nenhuma evidência no currículo de Steve que me fizesse pensar que poderia assumir o personagem. Após um encontro que tivemos num almoço, ele me mostrou sua visão do filme, que coincidia com a minha. Era a confiança que eu precisava. Felizmente o coloquei no papel e acho que não poderia ser outro, ele está excelente.
Carrell, sobre como se preparou psicologicamente para interpretar o sinistro personagem:
“Conversei muito com Miller e obtive indicações precisas sobre o papel. É difícil entender as motivações e os demônios internos de John du Pont. Então, tivemos uma liberdade interna para seguir com nosso retrato”.
“Drama ou comédia, o importante é a história que se quer contar. E a de Foxcatcher é muito boa. Nunca vi, entre a intenção e o resultado, um filme que tenha saído tão de acordo com o que o diretor queria”.
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