BERLINALE CELEBRARÁ 100 ANOS DO TECNICOLOR
     
 

PUBLICADA EM 19.11.14

Myrna Silveira Brandão

A Retrospectiva, tradicional mostra do Festival de Berlim (05 a 15.11.14) apresentará, em sua 65ª edição, trinta clássicos em tecnicolor – alguns deles recém- restaurados – incluindo seis filmes britânicos.

A mostra, que promete ser um grande espetáculo a cores, tem por tema o centenário do início da criação da “Cor por Tecnicolor”, um processo que se transformou numa lenda para muito além de Hollywood. 
 
Ao fazer o anúncio, Dieter Kosslick, diretor da Berlinale,  destacou a importância dessa retrospectiva.
 
“O vermelho em brasa dos céus sulistas de E o Vento Levou ou o amarelo brilhante das capas de Cantando na Chuva eram cores dramaticamente intensas e, naqueles dias, foram uma sensação. O processo do tecnicolor combinava com as tendências culturais e econômicas da época para produzir grandes obras da arte cinematográfica e que ainda eletrizam as audiências hoje”,  lembrou Kosslick.
 
Para documentar o valor e a importância da iniciativa será editado um livro ricamente ilustrado – “Glorious Technicolor” – com ensaios de renomados autores sobre o tema.
 
 
Técnica se firmou em melodramas, faroestes e filmes de aventura
 
O Tecnicolor número I foi desenvolvido em 1915 por  Herbert T. Kalmus, Daniel Comstock e W. Burton Wescott na Companhia que eles fundaram: a Technicolor Motion Picture Corporation.
 
Mas o sistema – que utilizava  um divisor de feixe de luz e filtros vermelhos e verdes para registrar e projetar o filme – era ainda limitado e foi recebido com reservas por espectadores e críticos.
 
Esse ceticismo, aliado aos níveis de exigência de Kalmus e sua equipe, os motivou a realizar melhoramentos no sistema nos anos e décadas seguintes.  O Tecnicolor IV já apresentava um nível de qualidade que deu brilho ao sistema e, pela primeira vez, todo o espetro de cores pode ser reproduzido.
 
O Tecnicolor se firmou especialmente em melodramas, musicais e filmes de aventura e os exemplos – que serão mostrados na Retrospectiva – são muitos:  O Mágico de Oz, de Victor Fleming (EUA, 1939),  no qual a cor foi usada com tanta intensidade que os atores, nos seus trajes criativos, pareciam quase como se estivessem num desenho animado; Os Três Mosqueteiros, de George Sidney (EUA, 1948), em que jovens lutam num ambiente rosa e azul claro num set inteiramente estilizado e artificial; e em Os Homens Preferem as Loiras, de Howard Hawks (EUA, 1953), Marilyn Monroe está  num irresistível vestido rosa contra um rico fundo vermelho,  cantando  “Diamonds are a Girl’s Best Friend”.
 
Serão também apresentados os impressionantes panoramas que caracterizam os faroestes em tecnicolor como poderá  ser visto em Duelo ao Sol, de King Vidor (EUA, 1946), com o vermelho incandescente do sol do deserto;  e em Legião Invencível, de John Ford (EUA, 1949), com o belíssimo cenário do   Monument Valley e suas tonalidades terrosas.
 
Rainer Rother, responsável pela curadoria,  também expressou seu entusiasmo com a realização da Retrospectiva.
 
 “Graças à cooperação com a George Eastman House em Rochester, seremos capazes de apresentar cópias  de algumas das maiores e mais bem preservadas coleções de filmes em tecnicolor, um grande número deles em versões restauradas”, ressaltou Rother, que é Diretor Artístico da Cinemateca Alemã.
 

     
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