JAFAR PANAHI GANHA O URSO DE OURO
     
 

PUBLICADA EM 14.02.15

Carlos Augusto Brandão

Na noite deste sábado, Dieter Kosslick, diretor do Festival de Berlim, deu início à cerimônia de premiação desta edição.

O cineasta americano, Darren Aronofsky, presidente do júri oficial, muito aplaudido, declarou:
 
 “Foi muito  difícil escolher os vencedores entre tantos filmes bons.  Discutimos muito, mas acabamos ficando amigos”,  disse numa referência aos demais componentes do seu júri.
 
Kosslick, por sua vez, afirmando que só pode permitir bons filmes, completou:
 
“Coisas boas e outras nem tanto aconteceram enquanto estávamos aqui.  Este é um festival político, esta é minha opinião”. 
 
De encontro com a fala de Kosslick, o grande  vencedor do Urso de Ouro foi Táxi, de Jafar Panahi, confirmando algo que já se esperava, como parte dos protestos que a Berlinale vem liderando desde 2011 em prol da liberdade de expressão e física do cineasta. 
 
Junto com Aronofsky, Kosslick subiu ao palco e lembrou que naquele ano, Panahi não pode vir a Berlim integrar o júri para o qual havia sido convidado.
 
“Há alguns anos atrás tivemos que deixar uma cadeira vazia aqui para ele no júri”, ressaltou Kosslick e entregou o Urso de Ouro para a sobrinha de Panahi, Hana Panahi, que representou o diretor iraniano.
 
“Não sou capaz de dizer nada”, disse a menina levantando o Urso de Ouro aos prantos.
 
O Urso de Ouro para Panahi foi recebido com entusiasmados aplausos  em todos os locais, desde o Palácio dos Festivais até dos jornalistas que acompanhavam a cerimônia na sala de imprensa.
 
Táxi também ganhou o Prêmio da Crítica Internacional  FIPRESCI (Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica)
 
O Grande Prêmio do Júri, o segundo mais importante do festival, foi para El Club, do chileno  Pablo Larrain, uma história sobre um grupo de sacerdotes confinados numa casa isolada por terem cometido crimes de pedofilia no passado.
 
“Muitas coisas estão acontecendo em nome de Deus.  Obrigado a todos, ao Festival e ao meu irmão”, declarou Larrain.
 
O prêmio de melhor roteiro foi para Patrício Guzmán, por  El Botón de Nácar,  que sob aplausos, declarou.
 
“Vou falar em espanhol que é uma lingua muito bonita.  Vida longa ao festival, ao júri e à delegação do Chile que está aqui”, disse Guzmán que, com seu filme, ganhou também o Prêmio Ecumênico.
 
O prêmio de melhor diretor foi  dividido entre a polonesa Malgorzata Szumowska com Body e o  romeno Radu Jude com Aferim! 
 
“É uma boa combinação, diretora e mulher, obrigado à minha equipe”, disse Szumowska”.
 
“Trabalhando com gente tão competente, todos deveriam ser premiados”, completou Jude.  
 
Como era esperado – eles eram os grandes favoritos –   Tom Courtenay (77 anos) e Charlotte Ramplins (69), ganharam melhor ator e melhor atriz pelo excepcional desempenho de um  casal em 45 Years, de Andrew Haigh.
 
Courtenay declarou simplesmente: “Obrigado a todos e à Berlinale”.
 
Rampling, por sua vez, disse:
 
“Não vou chorar. O que quero dizer é que nas Olímpiadas de 1936, meu pai esteve aqui.   Obrigado a Andrew por permitir que expressassemos um pedaço da vida”. 
 
O Prêmio Alfred Bauer, para filme que abre novas perspectivas para o cinema foi para Ixcanul Vulcano, da Guatemala, que pela primeira vez, competiu na Berlinale.
 
Bustamante subiu ao palco com as duas atrizes maias –  os três bastante emocionados - e declarou:
 
“Obrigado  às Marias (Maria Mercedes Coroy e Maria Telón) ) e a Berlim por abrir suas portas para a Guatemala”. 
 
O brasileiro Que Horas ela Volta? De Anna Muylaert sai daqui duplamente premiado.
 
Além do troféu da CICAE – Confederação Internacional dos Cinemas de Arte e Ensaio –  ganhou o importante prêmio de audiência da Panorama.  O filme de Muylaert liderou o certame desde o início, na categoria de ficção.
 
 
VENCEDORES DOS PRINCIPAIS PRÊMIOS
 
 
– Urso de Ouro: Táxi, de Jafar Panahi (Irã)
 
– Urso de Prata – grande prêmio do júri: El Club, de Pablo Larrain (Chile) 
 
– Urso de Prata – melhor diretor: dividido entre  Malgorzata Szumowska com Body (Polônia) e Radu Jude, com Aferim! (Romênia)
 
– Urso de Prata – melhor ator: Tom Courtenay em 45 Years
 
– Urso de Prata – melhor atriz: Charlotte Rampling em 45 Years 
 
– Prêmio de melhor roteiro: – El Botón de Nácar, de Patrício Guzmán
 
– Prêmio Alfred Bauer – trabalho inovador (uma homenagem ao fundador da Berlinale):  Ixcanul Vulcano, de Jayro Bustamante (Guatemala)
 
– Prêmio para Longa/Metragem de estreia: 600 Millas, de Gabriel Ripstein – México (Panorama)
 
– Prêmio da Crítica Internacional: (Fipresci): Táxi, de Jafar Panahi (Irã)
 
– Prêmio Ecumênico: El Botón de Nácar, de Patrício Guzmán
 
– Prêmio Teddy Bear – melhor filme de temática homossexual:
   em ficção: Nasty Baby, de Sebastián Silva
   em documentário: El Hombre Nuevo, de Aldo Garay
 
– Prêmio de audiência da Panorama Principal:  Que Horas ela Volta? de Anna Muylaert
– Prêmio de audiência da Panorama Documenta:  Tell Spring not to Come This Year, de Michael McEvoy.
 
– Melhor filme da Mostra Generation: – Urso de Cristal: My Skinny Sister, de Sanna Lenken (Suécia / Alemanha)
 
– Melhor curta-metragem: Hosanna, de Na Young-kil 

     
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