IMAGENS REAIS
     
 

26.09.13

Myrna Silveira Brandão

Documentário sobre afro-americanos emociona NYFF

Nova York

American Promise, de  Joe Brewster e Michèle Stephenson faz uma crítica contundente à sociedade americana, através do relato do casal de diretores sobre a experiência de Dris, filho de ambos e seu amigo Seun, afro-americanos numa escola de Nova York, a prestigiada Dalton School,  quase que exclusivamente para brancos.

Quando Dris e Seun conseguiram se matricular na instituição, Brewster e Stephenson iniciaram um projeto ambicioso para documentar a educação integral dos jovens.

Mas a alegria inicial por terem sido admitidos na Dalton School, logo se transformou numa enorme frustração, o que não impediu que eles continuassem as filmagens durante 12 anos.

Lançado no último Festival de Sundance, o filme  foi bem recebido ontem na 51ª edição do  Festival de Nova York, durante concorrida sessão prévia para a imprensa.

American Promise vai fundo em questões sobre racismo, discriminação e desigualdades sociais, trazendo à tona a luta pela identidade dos meninos afro-americanos, em uma sociedade que ainda insiste em rejeitá-los. 

Stephenson, que é advogada de direitos humanos e Brewster, que estudou psiquiatria em Harvard não hesitam em expor os  seus próprios erros e excessos durante o desenrolar do longo e tocante documentário.

Na coletiva após a projeção, Brewster, mais falante que Stephenson, respondeu às perguntas sobre o filme e como convivem com a dura realidade em torno dele.  Leia os principais trechos:

O filme é a trajetória de Dris e Seun?

“O filme não é apenas a história de dois estudantes. O filme trata de raça, privilégios e diferença de oportunidades em uma escola particular de Nova York. Na verdade, nós todos somos  produtos da diáspora africana”.

Como se sentiram durante as filmagens?

 “Ao longo de todos esses anos, vimos nossos garotos  lutando com os estereótipos, identidade, questões de raça e de classe. Enquanto isso, tivemos  que conviver com dúvidas e angústias sobre o futuro dos nossos filhos e como conciliar nossa expectativa com os obstáculos culturais e sociais que eles  estavam enfrentando”.

Qual foi o principal desafio que precisaram enfrentar?

“O maior desafio foi decidir se estávamos dispostos a  expor os meninos, os amigos e a nós mesmos revelando essa história para o mundo. No início, nosso instinto de pais nos avisava que evitássemos mostrar as nossas falhas e nossas vulnerabilidades na frente da câmera. Mas, ao longo dos anos, percebemos que empurrar as coisas para baixo do tapete não era bom.  Ao contrário, ser transparente, melhoraria  tanto o nosso país, como o  nosso desenvolvimento emocional e propiciaria a realização de  uma história poderosa”. 

Quais resultados esperam com o filme.

“Através do poder da nossa narrativa, esperamos que as pessoas adquiram uma maior compreensão da situação complicada de meninos afro-americanos. Todos nós, país, educadores e instituições nos beneficiaremos  com a compreensão dos desafios que eles enfrentaram. Em última análise, queremos tornar a promessa americana  uma realidade para todos”.

     
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