PUBLICADA EM 17.09.15

Myrna Silveira Brandão

De Palma, dirigido por Noah Baumbach e Jack Paltrow, foi destaque hoje das prévias para a imprensa do Festival de Nova York, na sessão mais concorrida até agora.

O filme presta um justo tributo a Brian De Palma, um dos maiores nomes do cinema americano e o cineasta de clássicos como  Carrie, Vestida para Matar, O Pagamento Final, Blow Out, entre outros. 
 
Baumbach, que  é diretor dos ótimos A Lula e a Baleia e Frances Ha – apresentados aqui no NYFF nas edições 2005 e 2012 – se uniu a Paltrow para realizar um primoroso retrato que cobre a vida de De Palma,  desde que era um talentoso adolescente, passando pelo período em que foi considerado “um caro meio maldito de Hollywood”, até se tornar um grande e reverenciado veterano.
 
Baseado em mais de 30 horas de entrevistas feitas por eles com o consagrado diretor, o filme está sendo mostrado aqui na prestigiada Mostra Eventos Especiais.
 
Na coletiva após a projeção com os diretores, Baumbach disse que a trajetória de De Palma ocorreu numa época bem diferente, mas que segue como exemplo para os cineastas de hoje.
 
“É um documentário sobre o tipo de carreira que só poderia ter acontecido no período em que ele fez aqueles filmes”, declarou acrescentando que a ideia do documentário foi fazer algo para eles mesmos como uma memória da amizade que têm com o diretor.
 
“Além disso, queríamos falar sobre cinema e não apenas de banalidades. Isso foi fácil, muitas vezes o próprio Brian mostrava o caminho para isso”, destacou Baumbach,  com o apoio de Paltrow.
 
“A gravação levou 30 a 40 horas, acho que ele queria falar de todos os seus filmes, ele teve a preocupação de não deixar de mencionar nenhum”, complementou o diretor.
 
Instados a dizer qual o filme que mais gostam de De Palma, apenas Paltrow elegeu seus preferidos.
 
“O que mais gosto é  Um Tiro no Escuro, mas o que ficou na minha mente mais nitidamente foi  O Pagamento Final”, revelou.
 
Baumbach, por sua vez, preferiu dizer que não tem propriamente nenhum favorito.
 
“Depende do filme e do dia em que estou assistindo. Meus pais amavam os filmes do Brian e eles sempre causaram um grande impacto em mim, que foi crescendo na minha mente na medida em que fui ficando mais velho. Vejo alguns dos filmes dele várias vezes e cada vez eles ficam mais interessantes”, ressaltou.
 
As impressões de Brian De Palma
 
O homenageado, por sua vez, tem declarado em entrevistas que ficou impressionado com o trabalho de Baumbach e Paltrow.
 
“O genial nisso tudo é como eles pegaram as perguntas que me fizeram e ilustraram  com pedaços de outros filmes, ”, afirmou.
 
De Palma,  de 75 anos, aconselha os cineastas, que estão iniciando carreira a superarem os obstáculos e não desistirem.
 
“Eles devem persistir sempre e também precisarão contar com sorte para conseguir sucesso. Para sobreviver neste negócio, é preciso ter talento e sorte”, reitera. 
 
Autor de 39 filmes, além de dúzias de outros projetos, De Palma diz que todas foram experiências fascinantes e que é difícil escolher um.
 
“De qualquer forma, vale lembrar alguns: A Fogueira das Vaidades (1990); Vestida para Matar (1980) e especialmente da sequência da escada em “Os Intocáveis,” (homenagem a uma cena semelhante de O Encouraçado Potemkin – 1925)”.