UMA ESTREIA PROMISSORA
     
 

PUBLICADA EM 18.09.15

Carlos Augusto Brandão

Les Cowboys, do estreante em longa-metragem Thomas Bidegain, deixou em suspense a plateia hoje na prévia para a imprensa da 53ª edição do Festival de Nova York.

Num cenário country e de faroeste, o filme começa mostrando Alain (François Damiens)  se divertindo com companheiros devotados, sua mulher e filhos adolescentes. De repente, se dá conta que Kelly, sua filha de 16 anos, desapareceu.  
 
Sabendo que ela foi embora com seu namorado muçulmano, Alain embarca numa busca crescentemente obsessiva para encontrá-la.
 
Na medida em que os anos passam e as pistas vão esfriando, Alain sacrifica tudo para encontrá-la, envolvendo inclusive seu filho menor para ajudar nos seus esforços.
 
Os ecos de Rastros de Ódio (1956) são visíveis, mas a história separa-se do filme de John Ford de forma inesperada na medida em que a perseguição assume proporções quase épicas no Afeganistão do pós 11 de setembro.
 
Como o taciturno veterano da guerra civil Ethan Edward, interpretado por John Wayne no filme de Ford, Alain não deixa claro o que ele fará se completar sua missão, valendo lembrar que Ethan quer encontrar e matar sua sobrinha sequestrada por ela ter virado índia e não mais pertencer à cultura americana.
 
Esta estreia auspiciosa e à altura das colaborações do roteirista Thomas Bidegain com Jacques Audiard, apresenta uma visão ampla de um mundo no qual os códigos do velho oeste parecem não valer mais.
 
Leia as declarações de Bidegain sobre o filme e sua estreia na direção.
 
Sobre a origem do filme
 
Eu estava interessado em outro projeto quando um amigo me falou sobre as comunidades rurais e a oportunidade de fazer um faroeste lá. Conversando com Noah (Debré, co-roteirista do filme) pensamos inicialmente em realizar um remake ou uma adaptação. Mas eu já tinha algum trabalho escrito e, após darmos continuidade e aperfeiçoá-lo, eu apresentei o projeto para um produtor e o filme aconteceu.
 
Sobre a escolha do elenco
 
Para o protagonista, eu precisava de uma espécie de John Wayne e, como na maior parte das vezes os atores franceses tem uma pequena compleição, Damiens era o ator ideal e fez um excelente trabalho.  Quanto a John Reilly para ser o empreiteiro americano, trata-se de  um ator raro, que pode fazer comédia ou drama e ser sempre comovente.  Curiosamente, não foi difícil convencê-lo.  Enviei um e-mail e ele respondeu confirmando que poderia estar no filme. 
 
Sobre sua passagem para trás das câmeras
 
Acho que foi no tempo certo. Eu tive a chance de dirigir um filme mais tardiamente, assim estava muito menos virgem do que muitos primeiros cineastas. Na verdade,  eu não sentia necessidade de estar no centro das atenções,  estava muito confortável como um roteirista, mas gostei da experiência e acho que seria bom continuar escrevendo e dirigindo. Jacques diz que roteiro é uma vocação, dirigir é um estado de ser. 
 
Sobre a função de roteirista
 
Nos EUA, onde a política de autores é menos enraizada do que na França, há muitos roteiristas que se tornam diretores. Um deles, Charlie Kauffman  costuma dizer que o roteirista é o inventor completo do filme. O diretor interpreta o script, os atores interpretam o roteiro, todo mundo precisa seguir o roteiro.
 

     
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