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PUBLICADA EM 24.09.15
Myrna Silveira Brandão
A diretora Chantal Akerman tem centrado sua obra, em vídeos, livros e trabalhos de instalações na vida de sua mãe, uma sobrevivente do Holocausto que casou e criou uma família em Bruxelas.
No Home Movie é mais um retrato – certamente o mais completo – feito por Akerman sobre as visitas que lhe fez nos últimos anos de sua vida.
O filme foi mostrado hoje (24.09) na 53ª edição do Festival de Nova York e recebido com frieza, como já tinha acontecido em Locarno, onde foi lançado.
É um filme muito pessoal com uma dimensão íntima e individual e que toca em questões de exposição e vulnerabilidade contidas nas múltiplas leituras que podem ser feitas.
O próprio título do filme já leva um pouco a isso, se entendermos que a mãe da diretora foi sempre uma presença fortíssima na vida da filha, quase uma espécie de “lar” e que, com sua morte, ele deixa de existir – daí o título “no home”.
O filme tem muitos planos de viagens por paisagens áridas, pontuado por longas interações entre a mãe confinada em casa e a filha sempre de passagem, as conversas banais entre as duas ou simples registros de movimentos, numa tentativa de guardar para a memória futura tudo o que pode restar de uma vida.
Talvez a receptividade negativa ao filme, venha da sensação que tudo isso é demasiadamente íntimo para ser entendido em sua plenitude pelos espectadores, ao contrário do que Akeman tem declarado em entrevistas.
“Quero que os espectadores percebam o tempo que passa e que isso lhes dê liberdade suficiente para sentir o filme emocionalmente, sem que forçosamente precisem compreendê-lo intelectualmente”, afirma a diretora de 65 anos.
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