UM MUNDO ASSUSTADOR
     
 

PUBLICADA EM 26.09.15

Myrna Silveira Brandão

“The Lobster”, de Yorgos Lanthimos despertou reações opostas na sessão prévia para a imprensa hoje na 53ª edição do Festival de Nova York.

Enquanto muitos acharam que é um filme muito louco sem grandes qualidades, outros viram semelhanças em clássicos como “Fahrenheit 451”, de François Truffaut (1966).
 
O mesmo já tinha acontecido em Cannes, onde os jurados se posicionaram a favor e deram o Prêmio do Júri para o filme. O cineasta grego já havia sido premiado na edição 2009 do  festival francês por “Dente Canino” em Un Certain Regard, que foi também indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
 
Divergências à parte, “The Lobster” explora mesmo um futuro exótico e até um pouco bizarro em que ser solteiro é ilegal e quaisquer infratores rebeldes são transformados em animais. Pode soar ridiculo, mas é um trabalho típico de Lanthimos, cujos filmes geralmente lidam com personagens no limite.
 
“The Lobster” é seu primeiro filme com atores mais famosos  como Colin Farrell no papel principal como um homem rebelde que inicialmente resiste a encontrar uma companheira até se apaixonar pela personagem de  Rachel Weisz.
 
Na entrevista, o diretor falou sobre os novos desafios que enfrentou com este projeto, bem como o cerne que pretendeu para o filme. Leia os principais trechos:
 
Foi difícil vender um projeto tão excêntrico para potenciais financiadores?
 
“Não pensamos apenas em vender uma coisa diferente, mas sim algo relacionado com a vida, relacionamentos, amor, solidão. Para termos mais liberdade de sermos criativos, usamos o modelo de coprodução européia para fazer o filme”.
 
Este é um projeto mais ambicioso que seus filmes anteriores?
 
“Depende. Em comparação com os filmes que fiz na Grécia, é obviamente é um filme muito maior. Significa que somos capazes de pagar as pessoas, essa é a diferença de fato. Mas acho que ele é menor em comparação com os padrões da indústria.  É preciso considerar que os filmes que fiz na Grécia, eu fiz com amigos. Eles não foram pagos e deram muito mais do que outros normalmente dariam”. 
 
Como definiria o filme?
 
“Eu acho que queria fazer um filme romântico. Eu não tenho certeza se era intencional desde o início, mas tenho certeza que em algum lugar enquanto escrevia o roteiro, tornou-se intencional. A ideia era contar uma história de amor real. Mas mesmo sendo um filme romântico, eu queria que tivesse uma visão crítica mostrando o absurdo de coisas que consideramos normais”.  
 
Quanto aos temas tratados no filme, o quão perto está de você?
 
“O filme é um relato honesto da visão que tenho até agora com base no que eu tenho visto e experimentado, mas é aberto a interpretações.  Quando se trata de relações humans,  a coisa toda pode ser cruel e muito difícil.  Existe amor real? Como você vai encontrá-lo? Como vai saber?  Eu não tenho a resposta final”.
 
Fale sobre o humor no filme.
 
“Esta contradição entre drama e humor é sempre bem vinda. Há um tom que tentamos alcançar quando estamos escrevendo a história, mas até mesmo os personagens nunca estão realmente prontos e acabados no roteiro. Há uma descrição aproximada sobre o personagen de Colin ser um cara de meia-idade, mas no decorrer das filmagens  fazemos mudanças. Às vezes há uma química diferenre entre os atores que não tínhamos pensado antes”. 
 
Tem algum novo projeto em mente?
 
“Estou desenvolvendo há algum tempo, um filme de época inglês durante a ascensão da Rainha Anne. Estou escrevendo também um thriller psicológico, vamos ver qual acontece primeiro”. 
 
 
 

     
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