JIA ZHANG-KE MOSTRA SEU NOVO FILME NO NYFF
     
 

PUBLICADA EM 28.09.15

Myrna Silveira Brandão

O Festival de Nova York prossegue com suas sessões de imprensa e o destaque hoje foi Mountains May Depart, novo filme do cineasta chinês Jia Zhank-Ke.

O filme, muito aplaudido aqui, trata de questões relacionadas com as mudanças ocorridas na China contemporânea, um tema recorrente na obra do cineasta, já mostrado em trabalhos anteriores como “Plataforma”, “Prazeres Desconhecidos”, “24 City” e “Um Toque de Pecado”, entre outros.
 
Conhecido por trabalhos contemplativos, quase documentais, o cineasta realiza agora o seu primeiro melodrama. 
 
O filme entrelaça três períodos históricos diferentes usando um triângulo amoroso formado por Tao (Zhao Tao), Liangzi (Liang Jin Dong) e Zhang Jinsheng (Zhang Yi) para explorar as contradições do país asiático.
 
As incongruências sociais são o foco do diretor, que usa diferentes texturas de imagem para construir o visual do filme, incluindo granulações e efeitos de filtros coloridos que distorcem as cenas. 
 
Em seu filme anterior, Zhang-Ke utilizou quatro histórias também para falar da  China contemporânea.
 
Na coletiva após a projeção, o diretor reconheceu que tem construído seus filmes no tênue limite entre ficção e realidade.
 
“Meus filmes têm um componente de ficção, mas com um viés  na realidade e no contexto político. Meu objetivo é contar histórias usando todas as linguagens que conheço. Eu procuro controlar todo o processo criativo do meu trabalho: escolho as histórias, escrevo os roteiros, seleciono os atores, enfim, meus filmes refletem minha opinião, meu pensamento e minhas convicções”, afirma enfatizando que sua persistência no tema vem da certeza de que o passado explica o presente.
 
Narrado num tom documental, o drama torna bastante plausível a análise sociológica que Zhang-Ke faz dos problemas e angústias da população  do País.
 
 “A história oficial criou uma falsa imagem da China para todos e também para os próprios chineses na era Mao. Isso continua hoje, porque temos uma censura forte. Os problemas da China contemporânea têm suas raízes nesse passado”, afirma o diretor do excelente “Em Busca da Vida”, ganhador do Leão de Ouro em Veneza.
 
O cineasta chinês é tema do excelente documentário – Jia Zhang-ke: um Homem de Fenyang –  dirigido por Walter Salles que será mostrado na prestigiada paralela Spotlight on Documentary, nesta edição do NYFF.
 
 
 

     
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