NÓS ESTAMOS VIVOS
     
 

PUBLICADA EM 29.09.15

Carlos Augusto Brandão

A 53ª edição do Festival de Nova York prossegue e o grande destaque ontem das prévias para a imprensa foi We are Alive, de Carmen Castillo, mostrado na Spotlight Documentary

Castillo retorna ao festival, onde esteve na 45ª edição com o seu famoso Calle Santa Fé.
 
O filme gira em torno de algumas questões colocadas pela cineasta chilena: O que abrange engajamento politico em 2015?  É ainda possível influenciar o curso dos eventos neste mundo?
 
Castillo, ela mesma uma militante MIR expelida do Chile pelo regime de Pinochet estrutura seu filme com base no diálogo com seu amigo Daniel Bensaïd, organizador das revoltas dos estudantes em Maio de 68 na França e filósofo Trotquista. 
 
Sobre a origem do filme, Carmen diz que sempre foi preocupada com a questão do engajamento político. 
 
“Em Calle Santa Fé, eu toquei no mistério dos ativistas dos anos 1960 e 70 e tentei lidar com uma questão em particular:  a resistência vale a pena? 
Devemos fazer o que todo mundo faz?  Desistir, empacotar tudo, acreditar no liberalismo triunfante e as miragens de uma globalização feliz?
Para mim essas perguntas  ficaram cristalizadas desde  a morte de Daniel em 2010”, diz a diretora acrescentando que sentiu a necessidade de descobrir qual tipo de pensamento poderia levar à reflexão.
 
Castillo conta que conheceu Bensaïd através do seu ativismo.
 
“Ele estava na Liga Comunista Revolucionária e tinha se envolvido no apoio à resistência chilena, em oposição ao regime de Pinochet. Foi assim que o conheci.  Nossas discussões eram sempre muito sinceras, ele ia direto ao ponto sem tempo para dogmas”, disse revelando que isso acontecia mesmo nos momentos em que estavam em desacordo.
 
A diretora enfatiza que jamais desejou fazer um filme biográfico.
“Eu não queria contar sua vida. Este não é um filme sobre ele, mas um filme que começa a partir de nossa amizade, seu pensamento e todos os atributos que eu mencionei antes.  Daniel me ensinou que as pessoas anônimas em luta representam tudo o que é grande na política. Eu queria permanecer fiel a isso e queria dar vida a eles. Abordar ssuntos que são parte de um coletivo: os camponeses sem terra no Brasil, a resistência indígena, o movimento para habitação na França, os sindicatos e outros”, ressaltou Castillo que, entre escrever o roteiro, buscar financiamento e realizar a filmagem levou um total de cinco anos. 
 
Quanto aos resultados que almeja com seu filme, ela diz que espera energizar os espectadores.
 
“Desejo  que o filme abra um canto em suas mentes para que possam ficar abertos a ideias e ações. Espero que ele possa nos libertar do nosso sentimento de impotência. Eu quero que o filme  seja uma canção, um hino à possibilidade.  Se acontecer isso eu vou ficar feliz”, afirmou.


 

     
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