DESEMPREGO E HUMILHAÇÕES
     
 

PUBLICADA EM 01.10.15

Myrna Silveira Brandão

O cinema é pródigo na abordagem de temas ligados à realidade e turbulências do mundo atual.

Assim, como não podia deixar de ser, o desemprego tem sido constante nas telas como acontece em “A Agenda”, de Laurent Cantet, “O Corte”, de Costa Gavras e “Amor sem Escalas”, de Jason Reitman, só para citar alguns.
 
“La Loi du Marché”, de Stéphane Brizé, é mais um a tratar do tema e foi o destaque ontem das prévias para a imprensa, na 53ª edição do Festival de Nova York.
 
Vincent Lindon (“Welcome Augustine”) vive  Thierry, um homem  nos seus cinquenta anos que, após ter ficado quatro meses desempregado, é obrigado a submeter-se a toda sorte de provações para ser contratado. 
 
O desempenho de Lindon  – que ganhou a Palma em Cannes – é excepcional.  O ator interpreta com louvor um homem com anos de trabalho que, confrontado com a inesperada demissão, inicia a procura de um novo emprego, ou ao menos um trabalho que lhe possibilite o pagamento de suas contas.   
 
Sua figura submissa a uma sociedade extremamente má, competitiva e austera impacta a plateia, que não disfarçou a emoção em várias cenas, como a da sequência em que Thierry passa por uma deprimente entrevista por Skype com um funcionário da área de Recursos Humanos.
 
Uma espécie de comicidade trágica mostra situações tão caricatas que poderiam provocar risos, não fosse o fato de tudo que está sendo mostrado na tela ser um retrato fiel do mercado de trabalho no mundo de hoje.
 
O filme de Brizé é um exemplo de cinema verdade na sua essência mais formal: um tocante retrato que é valorizado pelo empenho de Lindon em conferir veracidade ao seu personagem e credibilidade para o drama que está vivendo.
 
“La Loi du Marché” é um filme oportuno e consegue passar sua mensagem, apesar do roteiro irregular e alguns temas paralelos desnecessários, como mais um drama igualmente sufocante na vida pessoal do personagem, através de um filho deficiente. 
 
Soa totalmente dispensável principalmente levando em conta que a situação vivida por ele no seu cotidiano já é por si só suficientemente desesperante, absurda e dramática.  
 

     
  » Imprimir  
 
   
  Seja o primeiro a comentar esta matéria (0) Comentário  
   
   
  Voltar