ARTES MARCIAIS SEGUNDO HOU HSIAO-HSIEN
     
 

PUBLICADA EM 08.10.15

Carlos Augusto Brandão

O diretor Hou Hsiao-Hsien é conhecido pelo cinema sóbrio, pausado, contemplativo, características que não tem muito a ver com “The Assassin”, seu novo filme.

O longa foi selecionado para a  53ª edição do Festival de Nova York, onde o cineasta taiwanês é figura assídua já tendo participado em edições anteriores com “Flores de Xangai”,  “Café Lumiere” e “Três Tempos”.
 
The “Assassin”  – que deu a Hsiao-Hsien o prêmio de melhor diretor no último Festival de Cannes – faz uma incursão no wuxia,  gênero cinematográfico originário da China,  que mistura fantasia e artes marciais.
 
Fugindo da fórmula usual, o filme tem poucas coreografias de ação, evita o espalhafato do kung fu e a liberdade sui generis em “violar” as regras da física.
 
A história de “The Assassin”, inspirada numa conhecida lenda,  se passa na China no século IX, onde Nie Yinniang, filha de um general foi abduzida por uma freira que a converte numa perfeita assassina.
 
Treze anos mais tarde, Nie – interpretada por Shu Qi, que trabalhou com o diretor em “Três Tempos” –  falha pela primeira vez numa missão. Como castigo ela é enviada à sua terra natal para assassinar uma importante figura política. Ao chegar à sua cidade, Ni reencontra os seus pais e as memórias passadas, o que a levará para um derradeiro dilema. 
 
O filme é também uma história de traições conflitos de clãs, amores e infidelidades.  São imagens de grande beleza, mas que parecem ter muito mais o propósito estético do que o narrativo.
 
Hou que está com 70 anos,  diz que as histórias que conta nos seus filmes vêm o perseguindo há bastante tempo.
 
“Acho que já fazem parte da minha vida, e talvez a única maneira de exorcizá-las seja filmando-as”, revela o diretor, que tentou  realizar a complicada tarefa de descontextualizar um gênero como o wuxia.
 
“Os momentos narrativos são poucos e por isso, logo no início, há uma explicação sobre a situação histórica e política da China. A Wild Bunch (a produtora francesa ) estava preocupada que as pessoas não entendessem o filme e me pediu para colocar essa introdução”, ressalta concordando que  o  filme é, de fato, econômico nas cenas com artes marciais e isso foi intencional.   
 
“Eu havia filmado uma quantidade muito grande dessas sequências e depois descobri que não tinha necessidade de tanto, então resolvi cortar uma parte”, explica dizendo que está se preparando para fazer outro épico, mas isso depende de como este se sairá comercialmente.
 
“Eu estou me preparando para essa possibilidade, mas a decisão de fazer um épico depende do resultado deste. Por outro lado, a televisão pública de Taiwan vem me pedindo para fazer um longa-metragem inspirado na história Taiwanesa e esse poderá ser meu próximo projeto”, antecipa.


 

     
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