GLORIA REPRESENTA O CHILE NO NYFF
     
 

05.10.13

Carlos Augusto Brandão

Diretor fala sobre seu filme, um comovente drama sobre a solidão

Nova York


Gloria, de Sebastián Lélio, único representante sul-americano na 51ª edição do Festival de Nova York, vem acumulando sucessos.

Na edição deste ano do Festival de Berlim, o filme integrou a mostra competitiva e Paulina Garcia, que interpreta a protagonista, ganhou o Urso de melhor atriz.  

Foi um feito, já que 21 anos haviam se passado desde a última vez que o Chile havia estado  na mostra oficial do evento alemão, o que aconteceu em 1991 com La Frontera, de Ricardo Larrain. Na ocasião, o cineasta ganhou o Urso de melhor diretor.

Mostrado numa concorrida prévia para a imprensa, Gloria segue a personagem título  (Paulina Garcia), que  tem 58 anos e está solitária na vida. Para compensar o vazio, enche os dias de atividades e nas noites busca o amor no mundo das festas para solteiros adultos, onde só consegue perdas  em uma série de aventuras sem sentido.

Essa frágil felicidade em que vive se altera quando conhece Rodolfo, um homem de 65 anos, recentemente separado, que fica obcecado por ela.

Glória começa um romance, mas este se complica pela enfermidade e  dependência de Rodolfo e também por seus filhos e sua ex mulher.

Esse é o quarto filme de Lélio depois de A Sagrada Familia (2005), Navidad (2009) e O Ano do Tigre (2011).

Em entrevista exclusiva ao MCcinema Lélio disse que a seleção para o NYFF tem um grande significado.

“É importante para o filme, para mim como diretor e para a cinematografia chilena. Além disso, é  uma grande honra e  um elemento valioso para a carreira de Glória”, disse o diretor explicando o que o levou a fazer o filme.

“Eu ficava imaginando como se sentiriam mulheres próximas da velhice, solteiras num mundo que as criou para o casamento e que de repente se dão conta que estão sozinhas numa sociedade que mudou rápida e demasiadamente. Ao fazer essas perguntas para mim mesmo, procurei achar as respostas realizando o filme”,  disse Lélio que, para compor o personagem,  imaginou Gloria como uma sobrevivente. 

“Apesar de caminhar para a velhice, está cheia de ganas para viver. É uma mulher que, para enfrentar a solidão, busca o amor em festas para solteiros, mas encontra apenas uma felicidade passageira”, ressaltou.

Embora tenha  novos projetos em mente, no momento, ele prefere se dedicar ao lançamento de Glória.

“Ainda que tenha muitas ideias e esteja alinhavando alguns projetos, ainda não defini qual será o que farei depois de Glória, que no momento precisa de toda minha atenção”, disse Lélio que vê com muito otimismo a cinematografia chilena hoje.

“Acho que estamos numa boa fase, com significativo reconhecimento do público, dos festivais, da crítica e isso certamente se deve aos novos tempos vividos pela nossa sociedade.  Acho que é produto do momento histórico e social que vive o Chile desde a recuperação da democracia em 1990. Vivemos um processo de reaprendizagem, filmando muito e num momento de expansão”, celebra.

     
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