UM FUTURO EXÓTICO
     
 

PUBLICADA EM 25.01.16

Myrna Silveira Brandão

“The Lobster”, de Yorgos Lanthimos é um dos principais destaques da Mostra Spotlight na 32ª edição do Festival de Sundance.

O filme  tem dividido opiniões. Enquanto muitos destacam analogias com clássicos como “Fahrenheit 451” (de François Truffaut – 1966), outros concluem que o filme começa bem, mas se perde no caminho.
 
Na curiosa trama, as pessoas são forçadas a viver em dupla.  Os que se separam são enviados para um hotel e têm 45 dias para estabelecer nova união.  Em caso de falha, vencido o prazo, viram animais. Pode soar ridiculo, mas é um trabalho típico de Lanthimos, cujos filmes geralmente lidam com personagens no limite.
 
The Lobster é seu primeiro trabalho com atores mais famosos  como Colin Farrell no papel principal vivendo um homem rebelde que inicialmente resiste a encontrar uma companheira até se apaixonar pela personagem de  Rachel Weisz.
 
Em Cannes os jurados se posicionaram a favor e deram o Prêmio do Júri para o filme. O cineasta grego já havia sido premiado em 2009 na Mostra Un Certain Regard do festival francês por “Dente Canino”, que foi também indicado, naquele ano, ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
 
Yorgos tem destacado em entrevistas os desafios que precisou enfrentar com o projeto e sua inspiração para o filme.
 
“Eu queria falar sobre algo mais romântico. Eu não tenho certeza se era intencional desde o início, mas tenho certeza que em algum lugar enquanto escrevia o roteiro, tornou-se intencional. A ideia era contar uma história de amor real. Mas mesmo sendo um filme romântico, eu queria que tivesse uma visão crítica mostrando o absurdo de coisas que consideramos normais”, explica  o diretor revelando suas possíveis ligações com o tema.   
 
“O filme é um relato honesto do que eu tenho visto e experimentado, mas é aberto a interpretações.  Quando se trata de relações humanas, as coisas podem ser cruéis e difíceis. Será que existe amor real? Como podemos encontrá-lo?  Eu mesmo não sei, na verdade, o filme faz mais perguntas do que provê respostas”, filosofa.
 
Sobre o viés bem humorado da história, o diretor diz que a contradição entre drama e humor é sempre bem vinda.
 
“Há um tom que tentamos alcançar quando estamos escrevendo a história, mas até mesmo os personagens nunca estão realmente prontos e acabados no roteiro. Há uma descrição aproximada sobre o personagen de Colin ser um cara de meia-idade, mas no decorrer das filmagens  fizemos mudanças. Às vezes há uma química diferenre entre os atores que não tínhamos pensado antes”. 
 
Yorgos acrescenta que não vê o filme como algo tão excêntrico e levou isso em conta na escolha do elenco e na venda para potenciais financiadores.
 
“Não pensamos apenas em vender uma coisa diferente, mas sim algo relacionado com a vida, relacionamentos, amor, solidão. Para termos mais liberdade de sermos criativos, usamos o modelo de coprodução européia para fazer o filme”, conta comparando “The Lobster” com seus trabalhos anteriores. 
 
“Se for considerar os filmes que fiz na Grécia, este obviamente é um filme muito maior e que permite pagar as pessoas, essa é a grande diferença. Mas acho que ele é menor em comparação com os padrões da indústria.  Os filmes que fiz na Grécia, foram realizados com amigos, eles não foram pagos e deram muito mais do que outros normalmente dariam”, ressalta.
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 

     
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