CURTA BRASILEIRO É APLAUDIDO NA BERLINALE
     
 

PUBLICADA EM 15.02.16

Myrna Silveira Brandão

“Das Águas que Passam”, do cineasta capixaba Diego Zon é o único título brasileiro a concorrer a um Urso de Ouro nesta 66ª edição do Festival de Berlim.

O documentário foi muito bem recebido ontem  numa concorridíssima sessão ontem com alguns outros títulos do formato.
 
O filme, realizado numa forma não convencional para o gênero, segue o pescador Zé Sabino, que trabalhava em Regência, em Linhares, no Norte do Estado, região profundamente afetada pelo desastre ecológico causado pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco em Bento Ribeiro, Minas Gerais.
  
Em estreia mundial na Berlinale,  o curta-metragem mostra,  de maneira quase não verbal, o cotidiano do pescador e sua relação com o ambiente, onde vive e busca sua subsistência.
 
Produzido por Djanira Bravo, o filme  foi realizado com recursos dos editais Funcultura da Secult e certamente deixará muitas lembranças, inclusive para Sabino, que hoje não pode mais pescar.
 
O material tóxico que foi despejado no Rio Doce inviabiliza a pesca artesanal que vem sendo praticada pela família de Sabino há gerações.
 
Zon falou sobre o filme e a surpresa com que recebeu a notícia que o filme iria participar da mostra oficial da Berlinale.
 
Como você viu essa seleção para Berlim na competitiva para o Ouro de Curtas e qual a importância para a carreira do filme?
 
“Certamente foi com surpresa que recebemos a notícia.  Ao inscrever o filme, imaginava que caso fosse selecionado, seria em uma mostra paralela e não na competitiva oficial.  Como será o primeiro festival do curta, espero que a partir da Berlinale, o filme possa ter maior visibilidade para seguir sua carreira em outros festivais”.
 
Considerando tudo que aconteceu na região, seu filme conta uma história linda que só vai permanecer graças ao seu documentário.  Como vê isso?
 
“Imagino que o público da Berlinale e a equipe do festival não saibam que o curta foi rodado em uma das regiões (na foz do Rio Doce e costa marítima), onde ocorreu o maior desastre ambiental do Brasil e, paralelamente ao que aconteceu e a memória que o filme preservará”.
 
Qual receptividade espera do público da Berlinale?
 
 
“Estou curioso para conhecer a receptividade do público com as sensações e reflexões que o filme propõe”
 

     
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