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PUBLICADA EM 19.02.16
Carlos Augusto Brandão
A Seção Panorama do Festival do Berlim está mostrando três filmes brasileiros nesta 66ª edição: Curumim, de Marcos Prado, Mãe só há Uma, de Anna Muylaert e Antes o Tempo não Acabava, que teve sua sessão de gala ontem.
Dirigido pelo amazonense Sérgio Andrade e pelo paulista Fábio Baldo, “Antes o Tempo não Acabava” é a história de Anderson, um jovem índio lidando com o choque cultural entre os rituais indígenas de sua tribo amazônica e a vida urbana, para a qual ele se sente bastante atraído.
O elenco é formado por Anderson Tikuna, Rita Carelli, Fidélis Baniwa, Begê Muniz, Kay Sara, entre outros. A equipe conta ainda com o premiado diretor de fotografia Yure César e o diretor de arte Oscar Ramos.
Na coletiva com a imprensa – que acontece em todas as competitivas, mas é menos frequente na Panorama – as perguntas giraram em torno do tema do filme abordando questões como etnias indígenas, identidade, os chamados índios urbanos e os obstáculos da diversidade cultural que criam barreiras para a perfeita interação desses povos.
Depois do sucesso internacional de “A Floresta de Jonathas”, este é o primeiro longa de Andrade e foi realizado em conjunto com Fábio Baldo, montador do filme anterior.
“Somos amigos e temos uma grande sintonia. Desde que fizemos a “Floresta de Jonathas”, a parceria cresceu e felizmente vem dando certo. Acho que nos alimentamos da criatividade um do outro”, declarou Andrade em entrevista ao Mccinema.
O diretor tem uma expectativa bastante positiva quanto ao entendimento do seu filme pelo público da Berlinale, apesar de se tratar de uma realidade desconhecida e bem distante da plateia local.
“Penso que vai ser importante transmitir nossa provocadora e estranha leitura de uma Manaus indígena que, imagino, eles devem ter pouco conhecimento”, avalia, sem disfarçar a sua satisfação.
“Esse momento que a gente vive numa estreia mundial é meio mágico. O filme que pensamos vai encontrar os espectadores e o que eles pensam e logo um público tão especial como este do festival”, ressaltou.
Sobre a seleção, Andrade disse que recebeu a notícia com muita alegria.
“Na verdade, nós sempre sonhávamos com Berlim. É o maior festival do mundo, é um evento que privilegia filmes provocativos e fora do convencional, é indescritível”, comemora, garantindo que não está muito preocupado com prêmios.
“Se vier será muito bom, é claro, mas estar aqui já é uma vitória. Trazer para a Berlinale uma produção feita toda em Manaus, com 93% da equipe do filme constituída de amazonenses é tudo de bom. O prêmio maior já ganhamos”, garante Andrade que, com “Antes o Tempo não Acabava” concorre ao troféu de audiência que, na edição passada foi ganho por “Que horas ela Volta?, de Muylaert.
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