FOGO NO MAR
     
 

PUBLICADA EM 19.09.16

Carlos Augusto Brandão

Fogo no Mar, de Gianfranco Rosi foi atração hoje das prévias para a imprensa da 54ª edição do Festival de Nova York.

Quando o filme ganhou o Urso de Ouro no último Festival de Berlim, seu diretor o dedicou ao povo de Lampedusa e aos refugiados.
 
“Dedico aos primeiros por aceitarem tantos refugiados ao longo dos anos em sua ilha e também aos imigrantes que morreram no mar tentando alcançar uma vida melhor”, afirmou.
 
O documentário – já lançado no Brasil em abril – foi rodado na ilha mediterrânea de  Lampedusa, um dos locais que se tornaram símbolo da “fuga” africana  para a Europa, e também palco de constantes tragédias e naufrágios.
 
A ideia de Rosi foi  mostrar os “destinos” opostos daqueles que nasceram e foram criados na ilha ítalo-siciliana e daqueles que chegam ao local em busca de uma vida melhor.
 
O cineasta passou meses morando na ilha, capturando sua história, a cultura e a realidade cotidiana atual de sua população local assistindo à chegada toda semana de centenas de migrantes// refugiados à sua costa.
 
O viés sociológico do filme é centrado em Samuele, de 12 anos, um garoto que passa o tempo alienadamente brincando com seu amigo,  caçando com seu estilingue os pequenos pássaros locais, enquanto milhares de seres desesperados chegam à sua  ilha.
 
O diretor por vezes bem humorado e quase sempre com compaixão, faz do seu documentário um drama trágico, desolador e intensamente humano.
 
Rosi, que em 2013 ganhou o Leão de Ouro em Veneza com Sacro Gra, um road movie filmado na auto estrada que circunda Roma, manifesta sua satisfação por ter realizado “Fogo no Mar”.
 
“Estou especialmente feliz por trazer ao público  a história de Lampedusa, seus habitantes e seus imigrantes”, ressalta o cineasta de 52 anos, ele mesmo nascido na Eritreia.
 
O diretor tem declarado que seu filme é sobre tudo que está acontecendo na Europa no mundo de hoje. 
 
“Trata-se de imigrantes provenientes de uma África que morrem no mar. Muitas pessoas temem o que está acontecendo, se assustam com coisas que, para elas, são desconhecidas. Estão sempre com medo de alguém que não conhecem.  É isso que eu quero mostrar”, explica.
 
Pietro Bartolo – que é um dos protagonistas do documentário –  resume a dramática situação dos refugiados.
 
“São centenas de crianças e mulheres e a maioria não consegue chegar ao destino na terra e morre no caminho”.
 

     
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