PUBLICADA EM 23.09.16

Myrna Silveira Brandão

O diretor Hong Sang-soo tem um estilo muito pessoal. Seu estranho cinema nem sempre tem os aplausos da crítica e do público.

Mas alheio a isso e realizando uma média de dois filmes por ano, ele continua contando suas histórias, ao mesmo tempo simples e complexas e, para isso, seu talento é inegável.
 
O cineasta sul-coreano, presença constante no Festival de Nova York, está nesta 54ª edição do evento, com “Yourself and Yours”, que segue sua linha recorrente com muitas metáforas e simbolismos.
 
Num estilo próximo à  Nouvelle Vague, Sang-soo constrói uma história centrada em causalidade, aleatoriedade e probabilidades.  
 
O pintor Youngsoo (Kim Joo-hyuk) fica sabendo que sua namorada Minjung (Lee Yoo-young) teve recentemente um encontro com um homem desconhecido o que leva a uma briga e, aparentemente, ao fim do relacionamento.
 
No dia seguinte, Youngsoo sai em sua procura, ao mesmo tempo em que Minjung ou uma mulher que se parece muito com ela, tem uma série de encontros com homens estranhos, alguns dos quais alegam tê-la conhecido antes.
 
O filme traz uma trama inusitada  repleta de mistério e sofisticações.
 
O diretor de filmes como “A Visitante Francesa”, “Hahaha”, “Filha de Ninguém”, “Hill of Freedom” e “Certo Agora, Errado Antes” –   todos mostrados no NYFF – tem um estilo bem diferenciado e seguidores fieis que admiram sua obra.
 
Sang-soo explica sua opção de realizar filmes tão diferentes.
 
“Entre as razões, tento sempre buscar a originalidade e fiz isso em “Youself and Yours”.  Não gosto de abordar temas banais ou até repetir aqueles que já foram abordados no cinema  quase à exaustão, inclusive por mim”, declara o diretor conhecido por definir o rumo de seus filmes no set.
 
“Prefiro trabalhar sem um roteiro acabado, por isso nem sempre dou conhecimento prévio aos atores quando os convido para participar do elenco. É claro que preciso apresentar previamente um argumento para o produtor, mas as cenas eu prefiro definir na manhã em que serão filmadas, inspiradas em momentos que vão surgindo, nas coisas que acontecem naquele dia”, afirma.
 
Sobre o tom natural que os atores costumam ter nos seus filmes, Sangsoo acha que isso decorre de um forte trabalho de equipe.
 
“Após ter delineado o perfil dos personagens, eu converso com os atores e procuro me inteirar sobre eles: sua vida, seu passado, seus interesses e, se for necessário, reformulo coisas. Não trabalho com ideias imutáveis, filmar é um processo, etapa por etapa”, ensina.