UM THRILLER PSICOLÓGICO
     
 

PUBLICADA EM 15.10.16

Carlos Augusto Brandão

“Elle”, de Paul Verhoeven é um dos destaques da 54ª edição do Festival de Nova York.

Como tinha acontecido em Cannes – onde o filme concorreu à Palma de Ouro –  a combinação de situações perversas, diálogos irônicos e o desempenho magistral de Isabelle Huppert tem sido bem recebida por público e crítica.
 
Huppert vive Michèle, dona de uma empresa que produz videogames sangrentos e sexys. Sua rotina muda depois que sua casa é invadida por um sujeito de máscara que a estupra.  A partir do incidente, suas perversões vêm à tona sublimando uma tragédia de sua infância ligada a crimes cometidos por seu pai.
 
Inspirado em romance do escritor Philippe Djian, o filme foi adaptado pelo americano David Birke e, por pouco, não foi rodado nos EUA, onde Verhoeven filmou outros sucessos como “Robocop – O Policial do Futuro” (1987) e “O Vingador do Futuro” (1990).
 
“Elle” devolve Verhoeven aos bons tempos do polêmico “Instinto Selvagem” (1992), que transformou Sharon Stone em estrela de Hollywood.
 
O cineasta holandês de 77 anos, explica por que decidiu ambientar o filme na França.
 
“A ideia inicial do produtor Said Ben Said (coprodutor do brasileiro “Aquarius”), que já fez filmes para Polanski e De Palma, era, sim, ambientá-lo em uma cidade americana. Mas o livro é francês, Isabelle é uma atriz maravilhosa, e fiquei feliz de filmarmos em Paris.  Acho que seria um filme completamente diferente se tivéssemos filmado nos EUA”, diz Verhoeven que discorda da classificação de thriller psicológico para “Elle”.
 
“Eu não apelo para teorias da Psicologia para explicar Michéle.  O público é que tem o direito de interpretá-la.  Minha preocupação era encontrar espaço para um olhar irônico”, detalha o diretor que tem declarado sua perda de encanto por heróis, sobretudo aqueles com superpoderes.
 
“Eu gosto de falar de pessoas, algo que anda se perdendo nas telas, sobretudo no cinema americano, onde os filmes de super-herói prevalecem.  Com eles nós estamos perdendo o contato com a normalidade.  Devemos voltar a falar de pessoas normais, porque é nelas que está a riqueza”, afirma.


 

     
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