BRASIL TEM PARTICIPAÇÃO MARCANTE NA BERLINALE 2017
     
 

Publicada em 09.02.17

Myrna Silveira Brandão

O Festival de Berlim dá início hoje (09.02) à sua 67ª edição, que vai até o dia 19.02

Django, de Etienne Comar dá partida ao evento, que vai mostrar uma eclética programação de mais de 300 títulos.
 
O filme, que também está na disputa pelo Urso de Ouro,  conta a história da lenda do jazz Django Reinhardt, que fugiu de Paris enquanto a cidade era ocupada pelos militares de Adolf Hitler, em 1943.  Sua família foi “caçada” pelo regime nazista.
 
Dieter Kosslick, diretor da Berlinale, disse que o filme conta,  de maneira convincente, um capítulo de sua vida movimentada e envolvente história de luta pela sobrevivência. 
 
“A ameaça constante, a fuga e as assustadores maldades aplicadas contra sua família não foram capazes de impedir que ele continuasse a tocar”, disse Kosslick.
 
 
Brasileiros
 
Desde 2008 – ano em que Tropa de Elite, de José Padilha ganhou o Urso de Ouro – não se via uma participação brasileira tão ampla.
 
Após dois anos – quando competiu com “Praia do Futuro”, de Karin Aïnouz –  o Brasil volta a concorrer ao Urso de Ouro com “Joaquim”, de Marcelo Gomes, que é centrado na figura de Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), o soldado do Império que se transformou no líder da Inconfidência Mineira.
 
 “O público de Berlim é muito especial.  Durante minha última participação na Berlinale em 2014 com o “Homem das Multidões” (co-dirigido com Cao Guimarães), os debates após as sessões foram muito ricos, reflexivos e reveladores.  Um grande estímulo para qualquer diretor e um aprendizado que levo comigo.  Espero que o nosso “Joaquim” seja igual”, disse o diretor pernambucano.
 
Quatro títulos brasileiros participam da Panorama, a paralela mais prestigiada do festival. 
 
Na Panorama Principal foram selecionados: “Pendular”, de Julia Murat, sobre o relacionamento entre um escultor e uma dançarina;   “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky, um painel afetivo de três gerações em São Paulo; e “Vazante”, de Daniela Thomas, que ganhou o status de abrir a mostra. O filme trata das relações raciais no Brasil no início do século 19.
 
“No Intenso Agora”, de João Moreira Salles – que justapõe imagens de quatro eventos históricos dos anos 1960 –  foi selecionado para a Panorama Dokumente. Além das sessões do filme, Salles participará de um encontro no Berlinale Talents para analisar a influência de revoluções e figuras revolucionárias passadas no mundo atual, tendo por base a abordagem do seu filme.
 
O Brasil também marca presença na Geração,  mostra destinada aos jovens, com:  “Duas Irenes”, de Fabio Meira;  “Não Devore meu Coração”, de Felipe Bragança; e “Mulher do Pai”, de Cristiane Oliveira.
 
“Será uma alegria, estarei lá para aprender e conhecer profissionais da indústria, aos quais poderei convidar para conhecer nosso trabalho”, disse Cristiane ao Mccinema.
 
Na importante Mostra Fórum, o país está representado  por “Rifle”, de Davi Prietto, uma espécie de faroeste gaúcho, que foi o vencedor do prêmio de roteiro e som no último Festival de Brasília.
 
Estarão ainda na Berlinale os curtas-metragens  “Estás Vendo Coisas”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, que disputa do Urso de Ouro do formato; Vênus, Filó, a fadinha lésbica, de Sávio Leite, animação inspirada num poema de Hilda Hilst na Panorama;  e “Em Busca da Terra Sem Males”, de Anna Azevedo, na Geração K-Plus.
 
E também tem Brasil na Berlinale Books – que seleciona obras com potencial de serem adaptadas ao cinema – comparecendo com O Remanescente, de Rafael Cardoso, publicado no Brasil pela Companhia das Letras e na Alemanha pela Fischer.
 
Por último “Call Me By your Name”, do italiano Luca Guadagnino –  um drama de amor gay, selecionado para a Panorama –  tem entre seus produtores a RT Features, do carioca Rodrigo Teixeira.
 
 
Competição oficial
 
A mostra  mais importante do evento, cujo júri será presidido pelo cineasta holandês Paul Verhoeven, exibirá um total de 24 filmes, 18 em competição.
 
A seleção inclui diversos filmes com viés político – uma das características do festival – e, neste ano, com ênfase nos movimentos migratórios e de refugiados.
 
Como dito pelo próprio Dieter Kosslick, diretor do festival, em recente declaração:  “viver  com imigrantes mudou nossa sociedade de forma positiva e a Berlinale, como uma zona de tolerância, teve muita prática com esse tipo de experiência”. 
 
Entre os que concorrerão ao Urso de Ouro estão os novos trabalhos de Aki Kaurismäki, Agnieszka Holland, Oren Moverman, Andrés Veil e Sally Potter – incluindo  produções e coproduções do Reino Unido, Hungria, Líbano, Polônia, Portugal, Romênia, Senegal, República Eslovaca, Espanha, Suécia e EUA.
 
A América do Sul, além de “Joaquim”  estará  representada por “Una Mujer Fantástica”, de Sebastián Lelio, produção conjunta do Chile / Alemanha / EUA. 
 
Também são aguardados com expectativa “The Dinner”, do americano Oren Moverman; “On the Beach at Night Alone”, do sul-coreano Hong Sang-soo; e a animação “Have a Nice Day”, do chinês Liu Jian.
 
Fora de competição, serão mostrados dois filmes que estão entre os mais esperados do ano: Logan, de James Mangold (EUA), terceira aventura solo do mutante Wolverine;  e T2 Trainspotting, de Danny Boyle –UK.
 
 
Retrospectiva e Homenagens
 
Na  tradicional Mostra Retrospectiva, a programação é dedicada aos filmes de ficção científica.
 
Será mostrado um total de 27 títulos  internacionais, incluindo clássicos, como  “No Mundo de 2020” (Soylent Green), de Richard Fleischer (1973);  “THX  1138, de George Lucas  (1971); e o  filme dinamarquês Himmelskibet  (A trip to Mars), de Holger-Madsen, que estreou em 1918.
 
Fazem também parte da Mostra:  “World of Space”, de Köji Shima – Japão – 1956; “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” – EUA – 1977; “A Guerra dos Mundos, de Byron Haskin” – EUA – 1953; e “Pilot Pirx’s Inquest”, de Marek Piestrak – Polônia / URSS – 1979.
 
O Urso de Ouro Honorário irá para a figurinista italiana Milena Canonero, que desenhou os costumes de clássicos como “Entre Dois Amores”, “O Poderoso Chefão” e “O Iluminado”, de Stanley Kubrick, que será mostrado em versão restaurada inédita.
 
 
 
FILMES DA MOSTRA OFICIAL
 
Django, de Etienne Comar – França
Ana, mon Amour, de Cälin Peter Netzer – Romênia / Alemanha /França
On the Beach at Night Alone, de Hong Sang-soo – Coreia do Sul
Beuys, de Andres Veiel – Alemanha (documentário)
Colo, de Teresa Villaverde – Portugal / França
The Dinner, de Oren Moverman – EUA
El Bar, de Álex de la Iglesia – Espanha – fora de competição
Félicité, de Alain Gomis – França / Senegal / Bélgica / Alemanha / Líbano
Final Portrait, de Stanley Tucci – UK / França – fora de competição
Have a Nice Day, de Liu Jian – animação – República Popular da China
Bright Nights, de Thomas Arslan – Alemanha / Noruega
Joaquim, de Marcelo Gomes – Brasil / Portugal
Logan, de James Mangold – EUA – fora de competição
Mr. Long, de Sabu – Japão / Alemanha / França / Irlanda
The Party, de Sally Potter – UK
Spoor, de Agnieszka Holland – Polônia / Alemanha
Return to Montauk, de Volker Schlöndorff – Alemanha / França / Irlanda
Sage Femme, de Martin Provost – França / Bélgica – fora de competição
T2 Trainspotting, de Danny Boyle – Reino Unido – fora de competição
On Body and Soul, de Ildiko Enyedi – Hungria
The Other Side of Hope, de Aki Kaurismäki – Finlândia
Una Mujer Fantástica, de Sebastián Lelio – Chile / Alemanha / EUA
Viceroy’s House, de Gurinder Chadha – Índia / Reino Unido – fora de competição
Wilde Maus, de Josef Hader – Áustria
 

     
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