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Publicada em 10.02.17
Myrna Silveira Brandão
Quando o ainda pouco conhecido Oren Moverman, lançou O Mensageiro, seu filme de estreia, no Festival de Sundance / 2009, a sessão lotada e as enormes filas na porta dos cinemas surpreenderam muita gente.
É que a expectativa era a melhor possível. Além de Moverman ter sido o roteirista do bem sucedido “Eu Não Estou Lá”, de Todd Haynes, já estava anunciado que “O Mensageiro” sairia de Park City direto para o Festival de Berlim para concorrer ao Urso de Ouro. Naquele ano, Moverman ganhou o Urso de Prata de melhor roteiro (dividido com Alessandro Camon) e o Peace Film Award.
Oito anos depois, ele está de volta à mostra competitiva da Berlinale, desta vez com “The Dinner”, mostrado ontem numa lotada prévia para a imprensa e ingressos esgotados para o público.
Além da expectativa do novo trabalho de Moverman, o filme tem um elenco de peso com Richard Gere, Laura Linney, Steven Coogan e Rebecca Hall.
Baseado no best-seller homônimo do escritor holandês Herman Koch, a história tem início com Paul (Gere) e Claire (Linney) se preparando para um jantar com Stan (Coogan), irmão de Paul e sua esposa Barbara (Hall).
A relação entre os dois irmãos é tensa. Stan, além de celebridade é favorito na disputa para ser governador, enquanto Paul no momento não está trabalhando devido a um problema físico no ombro.
A trivialidade inicial da conversa sobre férias e trabalho, entre garfadas prazerosas e sorrisos educados, parece sugerir um jantar aparentemente normal. Mas logo os espectadores descobrem que os casais não se juntaram para jantar pelo prazer da refeição e da companhia, mas sim para discutir um grave ato de violência ocorrido na família.
À medida que a noite no chique restaurante avança, segredos obscuros surgem sobre seus respectivos filhos. Um crime monstruoso foi cometido pelas crianças e os dois casais estão divididos sobre como lidar com a situação
Entre aspectos que envolvem status e família, vamos descobrindo até onde as pessoas estão dispostas a ir para defender o que é seu e impedir que seus pequenos mundos desabem. A natureza do mal, que começa a ser exposta à mesa do jantar e a sutileza moral da narrativa fazem desta uma história incômoda, provocadora e controversa.
Na coletiva após a projeção, Moverman deu sua versão para a história do livro de Koch.
“Acho que é um passeio extraordinariamente provocador e consciente que toca em questões culturalmente relevantes e transforma-as num intrincado cardápio de paixões humanas e medos primitivos”, descreveu Moverman que é o terceiro cineasta a adaptar o best-seller de Koch para as telas.
Uma versão foi realizada em 2013 pelo holandês Menno Meyjes e em 2014 houve outra, desta vez italiana, dirigida por Ivano De Matteo com o título “Os Nossos Meninos”. Ambos os filmes foram bem recebidos e indicados para vários prêmios.
A versão de Moverman também foi bem recebida aqui tanto pela crítica quanto pelo público. Para os prêmios resta aguardar o que pensam os jurados, que não terão uma tarefa fácil em face da boa seleção dos filmes deste ano.
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