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PUBLICADA EM 15.02.17
Carlos Augusto Brandão
O país anfitrião foi o destaque ontem da mostra competitiva da 67a edição do Festival de Berlim.
“Return to Montauk”, do cineaste alemão Volker Schlöndorff é inspirado no livro “Montauk”, de Max Rudolf Frisch (1911-1991).
A história acontece durante uma feira literária nos Estados Unidos, quando Max Zorn (Stellan Skarsgard) conhece e se apaixona pela jovem Rebecca (Nina Hoss). Muitos anos depois, ele retorna ao país americano, esperando reunir-se novamente com ela. Susanne Wolff interpreta Clara, esposa atual de Max, que vai antes para Nova York com a incumbência de organizar o lançamento do livro dele lá.
Na coletiva após a projeção, Schlöndorff disse que o livro Montauk, de Max Firsch, está apenas pairando sobre o projeto.
“Não é claramente uma adaptação e sim uma homenagem, com o consentimento dos detentores da obra dele. Nós apenas partimos da situação básica. Um escritor vai a Nova York por um curto espaço de tempo e tem um caso com uma jovem em Montauk, um porto de pesca em Long Island, durante o fim de semana. Esta é a proposição geral. Mas todos os personagens são diferentes. Eles não são tirados da vida de Max, já que seu livro é completamente autobiográfico”, ressaltou Schlöndorff, enfatizando que, dessa forma, não foi totalmente fiel à obra.
“Esse personagem, o amor de sua vida que ele perdeu, não existe no livro de Max. Mas é nossa peça central. Ele vai encontrá-la, persegui-la e convencê-la a ir mais uma vez para Montauk com ele para um fim de semana”, afirmou, revelando que o filme também não é totalmente uma obra ficcional.
“Não é uma ficção porque cada personagem e cada relacionamento no filme são inspirados na minha vida ou na vida de Colm (Tóibín), que escreveu o roteiro comigo. Tentamos nos basear inteiramente numa experiência vivida, como fez Max no livro dele”, ressaltou o cineasta que rodou grande parte do seu filme na cidade de Nova York.
Schlöndorff explicou que eles procuraram deixar claro o tema que queriam abordar.
“Um deles é a questão do arrependimento que surge em certo ponto da vida porque talvez, em algum momento, tomamos uma direção errada. E tudo poderia ser diferente se tivéssemos nos comportado de outra forma. No caso do personagem, se ele tivesse, por exemplo, casado com aquela pessoa ou vivido com ela, o desfecho seria outro”, comparou o cineasta de 77 anos, que está competindo pelo Urso de Ouro pela terceira vez.
Volker concorreu em 1978 com “Alemanha no Outono”, em 1990, com “A Decadência de uma Espécie” e em 2000 com “A Lenda de Rita”. Neste último, as atrizes Bibiana Beglau e Nadja Uhl dividiram o Urso de Prata de melhor atriz.
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