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PUBLICADA EM 22.05.17
Myrna Silveira Brandão
Gabriel e a Montanha, de Fellipe Gamarano Barbosa teve sua sessão de gala ontem no Festival de Cannes.
O filme é o destaque brasileiro da Semana da Crítica, mostra paralela à competição oficial nesta 70ª edição do evento.
O filme – único longa-metragem brasileiro em Cannes neste ano – é um dos onze títulos selecionados para a mostra, cujo presidente do júri é o pernambucano Kleber Mendonça.
Após o cultuado “Casa Grande” (2014) – drama social inspirado em uma experiência familiar e ganhador do prêmio do público no Festival do Rio em 2014 – o diretor carioca volta a remexer em seu baú de memórias.
O filme de Barbosa conta a história dos últimos dias de Gabriel Buchmann (João Pedro Zappa), economista brasileiro que morreu de hipotermia em 2009, aos 29 anos, durante uma escalada no Maláui, na África oriental.
O filme abre com a cena em que o corpo é encontrado e recua para dias antes, com Buchmann viajando pelo leste da África como mochileiro. Aos poucos ficamos sabendo que ele é um jovem vindo de família abastada que quer experimentar o outro lado da vida, o lado dos pobres.
Barbosa era amigo de infância de Buchamann, que estava viajando pelo mundo antes de iniciar um programa de doutorado sobre desenvolvimento social. Ao subir o Monte Mulanje, se perdeu e acabou morrendo de hipotermia.
O diretor realizou uma extensa pesquisa para escrever o roteiro. Além de refazer parte do trajeto realizado por Buchmann – cruzando Ruanda, Burundi, Tanzânia e Maláui – entrevistou todas as pessoas que estavam nas anotações do seu diário.
Gamarano diz que o Gabriel era um cara que queria engolir o mundo.
“Ele queria seguir os mesmos passos daqueles que encontrava. Comer o mesmo que eles, dormir onde eles dormiam. Esse filme é uma cartografia humana da África do leste”, conta.
A sessão estava lotada e teve a presença da mãe de Buchmann e colegas de escola seus e também do diretor.
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