DESMISTIFICANDO GODARD
     
 

PUBLICADA EM 23.05.17

Myrna Silveira Brandão

“Le Redoutable” (temível), de Michel Hazanavicius (“O Artista”) estreou ontem na 70ª edição do Festival de Cannes.

 O filme, cinebiografia de Jean-Luc Godard dividiu opiniões pela forma como retrata o homenageado.
 
O cineasta francês, expoente da Nouvelle Vague é mostrado como uma pessoa complicada,  neurótica e autoritária.
 
Baseado no livro memorialístico Un An Après (Um Ano Depois), da atriz e romancista Anne Wiazemsky (70), o filme reconstitui cerca de três anos de casamento do mestre da nouvelle vague e sua mulher e musa, 20 anos mais jovem, tendo ao centro o mítico ano de 1968.  
 
O roteiro faz um recorte temporal, oito anos após Godard ter lançado “O Acossado” (1960), um marco na história do cinema e que tinha ainda como cenário os ecos dos movimentos de 1968 na França. 
 
Dividido em nove capítulos e um epílogo, o filme acompanha de um lado o casal (Godard-Wiazemsky), da lua-de-mel à separação e, de outro, o processo de automarginalização do cineasta a partir do fracasso de “A Chinesa”.
 
Interpretado por Louis Garrel, traz um Godard apaixonado por Wiazemsky (Stacy Martin), então com 17 anos.
 
Embora com muitas referências ao retratado, o filme de Hazanavicius não traz nada que honre o homenageado, o que levou a imprensa a fazer sérias críticas  a “Le Redoutable”.
 
Alheio a isso, o diretor revela que Garrel estava bastante preocupado com a reação dos fãs de Godard.
 
“Mas eu disse a ele que não me importava. Godard era paradoxal de muitas formas, com suas reações burguesas e ideias de como as mulheres deveriam se comportar. Porque não quebrar um mito?”, questiona.
 
De qualquer forma, embora sejam justas as críticas ao filme pela forma não lisonjeira de retratar o veterano cineasta, não deixa de ser  válida a humanização do mito.  

     
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