PUBLICADA EM 05.12.17

Myrna Silveira Brandão

O Festival de Berlim – 15 a 25 de fevereiro – anunciou o programa da tradicional Mostra Berlinale Classics de sua 68ª edição.

O grande destaque será The Ancient Law, de E. A. Dupont, que terá estreia mundial, com música ao vivo, na versão  restaurada digitalmente.
 
O filme, restaurado pela Cinemateca Alemã, será acompanhado de nova trilha pelo compositor francês Philippe Schoeller em 16.02.18.
 
A produção é uma peça importante da história cinematográfica germano-judaica contrastando o mundo fechado de um “sthtetl” (bairro com população predominantemente judaica) da Europa Oriental com os costumes liberais da Viena de 1860 e aborda a questão da assimilação de judeus na Europa do século XIX.
 
Em 1984, a Cinemateca Alemã empreendeu os primeiros esforços na reconstrução do filme,  tentando chegar o mais próximo possível da versão original, na medida em que as fontes disponíveis permitiam naquele momento. Mais tarde, quando o certificado do censor original foi descoberto, contendo o texto dos títulos dos cartões,  os esforços de pesquisa foram renovados em todo o mundo tornando possível uma nova restauração digital.
 
 “Com seu autêntico conjunto de design e um excelente elenco, todos capturados magnificamente pelo diretor de fotografia Theodor Sparkuhl, “The Ancient” Law é um magnífico exemplo da criatividade dos cineastas judeus na Alemanha dos anos 1920”, explicou  Rainer Rother, diretor da mostra retrospectiva e diretor artístico da Cinemateca Alemã – Museu do Filme.
 
A nova música de Philippe Schoeller foi encomendada pelas emissoras ZDF / ARTE.  Schoeller chega ao coração do filme com música de conjunto meticulosamente composta e que emprega todas as técnicas de uma trilha sonora moderna.  Conscientemente, ele estabelece uma distância histórica para o próprio filme e utiliza um conjunto de sons para enfatizar a excelência visual do clássico mudo.
 
A composição será executada pela Orchester Jakobsplatz München, com Daniel Grossmann na condução.  A orquestra, fundada em 2005, concentra-se no trabalho dos compositores judeus, bem como na música dos séculos 20 e 21, contribuindo de forma importante para a cultura alemã judaica contemporânea. A aparição mais recente de Grossmann  na Berlinale foi em 2013.
 
A nova restauração se baseou em impressões de nitrato em cinco idiomas diferentes encontrados em arquivos na Europa e nos EUA.  O texto dos cartões de título alemães originais estava perdido. Com o certificado do censor listando as interdições, foi possível para equipe da restauração da Cinemateca Alemã reconstruí-los com precisão, bem como corrigir e finalizar a edição.  O conceito de cor baseou-se principalmente em duas impressões encontradas quase idênticas. Essa é a primeira vez que uma versão teatral alemã dos anos 20 será mostrada, tanto na sua duração original, quando na coloração digital restaurada.