|
PUBLICADA EM 22.02.18
Myrna Silveira Brandão
O novo filme de Gus Van Sant saiu direto do Sundance para concorrer ao Urso de Ouro no Festival de Berlim.
"Don't Worry, He Won't Get Far on Foot" é a biografia homônima do cartunista e artista John Callahan (1951-2010) e sua luta contra o alcoolismo, após um acidente que aos 21 anos o deixou tetraplégico. Após a tragédia tornou-se um cartunista conhecido e controverso.
Ele seguiu sua carreira criando caricaturas mordazes que muitas vezes abordavam o lado mais sombrio da natureza humana, enquanto tentava se livrar do álcool.
Na autobiografia homônima, lançada em 1989, Callahan relembra a introdução ao vício na infância, a tragédia que lhe tirou os movimentos, a descoberta do talento para cartunista e a mágoa de ser órfão.
O filme avança e retrocede no tempo para mostrar sua resistência para largar a bebida. Encorajado pela namorada (Roney Mara) e por companheiros de apoio do AA (Alcoólatras Anônimos), Callahan encontra estímulo para dedicar-se aos quadrinhos provocadores com temas sobre religião, sexualidade e política.
Na coletiva com a imprensa, Van Sant – juntamente com Joaquim Phoenix, que interpreta Callahan – explicou como surgiu a ideia de fazer o filme. Leia os principais trechos:
Qual a motivação para realizar a cinebiografia de Callahan?
“Na verdade fazer esse filme é um projeto antigo que data dos anos 1990 quando Robin – o ator Robin Williams (1951-2014) – me procurou manifestando o desejo de adaptar a biografia de Callahan para o cinema”.
Robin queria viver Callahan nas telas?
“Sim, Robin acompanhava o trabalho dele como cartunista e chegou a comprar os direitos de adaptação do livro. Ele se via no papel do artista tetraplégico que, apesar de todos os seus infortúnios, era um cara engraçado e bem humorado. Era um projeto de estimação de Robin”,
O que da biografia que Callahan escreveu está no filme?
Callahan deixou uma biografia abrangente que cobre vários tópicos e fases de sua vida. Mas preferimos nos concentrar no período após a infância e antes de seu aprimoramento como cartunista”.
E como surgiu a ideia de convidar Phoenix?
Eu já conhecia o talento de Phoenix desde que trabalhamos juntos em “Um Sonho sem Limites” em 1955.
Phoenix, que é conhecido por não gostar de participar de entrevistas, aproveitou o elogio do diretor para dizer que foi muito bom voltar a trabalhar com Van Sant.
“Cada filme é diferente do outro, mesmo quando a gente trabalha com alguém já conhecido, mas Gus tem algumas qualidades que são consistentes. Ele faz a gente se sentir confortável. No conjunto, foi o trabalho menos estressante que já fiz e acho que nos divertimos muito neste filme”.
O que pensa do personagem que interpretou? perguntou um jornalista em seguida.
“Eu acho que o maior desafio da vida dele não era sua paralisia. Eu acho que realmente sua deficiência maior era a bebida, o alcoolismo era seu ponto fraco”, explicou.
|