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PUBLICADA EM 23.01.14
Myrna Silveira Brandão
El Cerrajero é um dos destaques da mostra competitiva internacional dramática
Desde Rompecabezas, a diretora Natalia Smirnoff já tinha dito a que veio. Além de ter feito muito sucesso, seu primeiro longa foi um dos candidatos ao Urso de Ouro na Berlinale 2010.
Agora a diretora argentina, que trabalhou como assistente de direção de Lucrécia Martel (La Cienaga), volta à competição, desta vez no palco independente do Sundance.
El Cerrajero, seu novo trabalho, foi mostrado ontem no Egyptian – o cinema mais emblemático de Park City – na mostra competitiva internacional dramática da 30ª edição do festival.
O filme divide a representação sul-americana na Mostra – composta por 12 filmes – com o chileno To Kill a Man, de Alejandro Fernandez Almendras.
A história de El Cerrajero segue Sebastian, 33 anos – interpretado por Esteban Lamothe – dono de uma Serralheria 24 horas, para serviços de urgência. Ele se relaciona com mulheres diferentes e não acredita na tradicional família nuclear. Acha que ter filhos é um ato egoísta e segue um estilo de vida que lhe permite manter as coisas sob seu controle.
Num dia em que está acontecendo um estranho fenômeno em Buenos Aires com uma fumaça persistente, descobre que Mônica (Erica Rivas), uma das mulheres com quem se relacionou, está grávida e, entre outros suspeitos, ele pode ser o pai da criança. Sebastian tenta convencê-la a abortar, mas ela o isenta de responsabilidades e decide deixar o tempo seguir seu curso.
Quando Sebastian resolve esquecer o problema e retomar sua rotina, coisas estranhas começam a acontecer com o comportamento de seus clientes. Aos poucos, ele vai perdendo o controle da situação e isso complica sua vida e seu trabalho.
Smirnoff soube da seleção por uma carta recebida dos programadores do festival.
“Ela era tão calorosa que um amigo me disse que, quando estiver me sentindo deprimida, basta reler a carta e logo passará”, brinca a diretora, que menos de duas horas depois de ter sido selecionada para o festival indie, recebeu três e-mails de distribuidores americanos interessados no seu filme.
“Enviaram a mensagem inicialmente para um e-mail antigo e depois ainda precisaram me rastrear. E o texto era em espanhol, diz ela, surpreendida com o poder de difusão e promoção por ter seu segundo filme no exclusivo grupo do influente e reconhecido festival independente.
Muito feliz por participar do evento, que ela considera uma vitrine privilegiada, Smirnoff só tem elogios para os organizadores.
“Talvez até haja outros mais glamorosos, mas a seleção do Sundance parece feita por cinéfilos. Elegem os filmes que gostam independentemente de quem os dirige ou protagonizam”, ressalta revelando que é muito complicado filmar na Argentina atualmente.
“O cinema de autor perdeu espaço nas salas. Muita gente prefere ver esse tipo de filmes em suas casas e, nesse estado de coisas, participar do Sundance é quase terapêutico”, analisa Smirnoff, que classifica seu filme como uma comédia dramática.
“Sebastian é um serralheiro que não crê nas relações estáveis, até o dia que Mônica a mulher com quem sai ocasionalmente, lhe conta que está grávida, provavelmente dele. A partir dessa situação começa a ter estranhas visões sobre seus clientes”, detalha Smirnoff lembrando que outros conterrâneos seus também estão em Park City.
“Gastón Duprat e Mariano Cohn estão no Sundance com Living Stars, que participa da seção não competitiva New Frontier”, completa.
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