JARMUSCH MOSTRA SEU NOVO FILME NO SUNDANCE
     
 

PUBLICADA EM 25.01.14

Carlos Augusto Brandão

Estrelado por Tilda Swinton e Tom Hiddleston, Only Lovers Left Alive integra a Mostra Spotlight do festival independente

 
Jim Jarmusch, um dos símbolos do cinema independente, apresentou  Only Lovers Left Alive, na 30ª edição do Festival de Sundance, na prestigiada Mostra Spotlight, conhecida como um tributo “ao cinema que amamos”.
 
Estrelado por Tilda Swinton e Tom Hiddleston, o filme segue Eve e Adam, um casal de vampiros vivendo juntos através de séculos. 
 
Histórias de vampiros costumam ter várias formas, estilos e tamanhos. A dupla do filme de Jarmusch anda sempre bem vestida, é altamente sofisticada,  tem um gosto refinado para a música e literatura (o melhor amigo do casal é o dramaturgo Christopher Marlowe – 1564 /1593) e ainda se ama como recém casados, apesar de estarem juntos há séculos.
 
Enquanto Eve procura, nas ruas não tão desertas de Tanger, encontrar Marlowe (John Hurt), Adam se transformou num recluso radical.  Escondido numa velha casa de uma parte abandonada de Detroit, ele toca clássicos em vinil e coleciona guitarras  que Ian, um tipo vagabundo  (Anton Yelchin) traz para ele.
 
Também podemos vê-los andando pela casa ouvindo grandes peças musicais, “bebendo”  sangue de qualidade, falando sobre velhos conhecidos como Lord Byron ou admirando galeria de fotos de heróis artísticos como Buster Keaton e Mark Twain. Em outros momentos, os dois fazem tour noturno no velho jaguar de Adam numa Detroit dizimada que, implicitamente,  representa  no que os seres humanos transformaram a sociedade.
 
Jarmusch diz  que o filme é um projeto antigo e que há sete anos vinha querendo dirigir uma história sobre vampiros.
 
“Estava encontrando muita dificuldade para obter financiamento, mas Tilda com quem eu havia falado, desde o inicio, nunca desistiu, mesmo quando tudo parecia ter ficado complicado. Devo muito a ela termos concretizado o projeto”, reconhece, explicando porque decidiu colocar dois atores britânicos nos papéis principais.
 
“Até onde consigo me lembrar, as  historias de vampiros na literatura vem sempre da Inglaterra.  Não sei bem explicar, mas há alguma coisa muito britânica sobre eles. A percepção que os ingleses têm sobre vampiros e suas histórias é excepcional, diferente das do resto do mundo.  Então, eu quis iluminar esse aspecto da questão”, declara expondo as razões de sua escolha das locações.
 
“Tanger  e Detroit são cidades abstratas, são dois lugares que me atraem por razoes pessoais. Detroit foi uma cidade misteriosa e mágica e hoje é uma cidade com algo de trágico e depressivo.  No entanto,  ainda tem uma cena musical inspiradora e a música é um elemento importante na história.  Nada foi escolhido por acaso, o filme tem um visual musical”, ressalta.
 
O novo filme do diretor nascido em Ohio é tão bom quanto os anteriores que o revelaram – como Estranhos no Paraíso, Daunbailó e, principalmente, Matador Implacável (Ghost Dog, de 1999), um de seus melhores trabalhos.  O cultuado cineasta, mais uma vez, dá seu recado com muita competência.
 

     
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