PETZOLD E SANG-SOO EMOCIONAM BERLINALE
     
 

Publicado em 23.02.23

Myrna Silveira Brandão

Os diretores mostraram seus novos filmes no Festival de Berlim nessa quarta feira, 22.

 “Afire” (“em chamas” em tradução literal)  é uma mistura de gêneros que transita entre drama, comédia e até algumas pinceladas de horror.
 
A trama segue um escritor em crise que, junto com  quatro amigos,  vai para uma casa de férias no Mar Báltico. Mas as coisas ficam piores  quando a floresta seca, ao redor da casa, pega fogo.
 
Na coletiva com a  imprensa, Petzold  falou sobre a origem da ideia de “Afire”  contando  que, no auge da pandemia,  estava indo para a França,  para o lançamento de “Undine” quando testou positivo para a Covid-19. 
 
“A doença me provocou  sonhos febris. Quando melhorei, precisei ir à Turquia que na época sofria com terríveis incêndios florestais. Nessa mesma ocasião,  ganhei de um amigo o livro “Sonhos de uma noite de verão”, de William Shakespeare.  A junção dessas três situações, foi a inspiração para realizar o filme”, detalhou o cineasta.
 
Respondendo a uma pergunta sobre o processo para filmar “Afire”, Petzold disse que houve muitos ensaios.
 
“Ensaiei até o ponto em que os atores concluíram que, para eles, tudo estava claro no roteiro, não faltava nada”,  disse  acrescentando que nesse filme procurou adotar uma postura muito voltada para a direção.
 
“Acho que sou um expert em personagens que não têm problemas reais e sofrem com paranoias.  Quis mostrar tudo que poderia fazer como diretor e achei que falar sobre paranoia  era algo que contribuiria para que eu me comunicasse melhor com meus atores”, concluiu o cineasta.
 
O viés poético  novo filme de Hong Sang-soo
 
O diretor retorna à Berlinale com sua obra mais intimista.
“in water”  segue uma  pequena equipe composta por um ator, o cinegrafista e a protagonista feminina chegando a uma ilha  rochosa e varrida pelo vento de Jeju, um lugar paradisíaco da Coréia do Sul. O jovem ator, que está em busca de uma ideia para seu filme,  explora os arredores, observa o horizonte da costa e  espera que surja a luz certa para filmar.
 
O filme, que  no original é “mul-an-e-seo”, em inglês recebeu o título “in water”  porque foi filmado com a câmera desfocada.  O longa  foi gravado em graus diferentes em cada sequência com a distorção das imagens compondo pinturas.
 
A opção pela linguagem do desfoque tem a ver com uma questão pessoal   do diretor que está com problemas de visão. O diretor confirmou  que o desfoque tem a ver com a situação que está vivendo.
 “eu já não vejo tão bem esses dias”, disse  justificando a escolha. 

     
  » Imprimir  
 
   
  Seja o primeiro a comentar esta matéria (0) Comentário  
   
   
  Voltar