BOUCHAREB FALA DO SEU NOVO FILME EM BERLIM
     
 

PUBLICADA EM 07.02.14

Carlos Augusto Brandão

La Voie de L'ennemi, de Rachid Bouchareb, que concorre ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, segue a linha característica do diretor nascido em Paris.

Ele é conhecido por filmes que podem até não agradar, mas sempre provocam reflexão.  O diretor argelino / francês tem pautado sua obra por temas sociais, políticos, humanísticos e presentes no turbulento mundo contemporâneo.
 
Assim foi com Indigènes (2006), que conta a história dos homens das ex-colônias francesas e a discriminação e o racismo que foram vítimas; com London River (2009),  que mostra como pessoas de origens totalmente diferentes podem ser afetadas por uma mesma tragédia; e com Fora da Lei (2010),  sobre a luta da Argélia pela independência, só para citar alguns.  
 
 
O filme –  bem recebido numa prévia para a imprensa –  conta a história de Garnett, um ex presidiário que se converteu ao Islã e enfrenta a paranoia de segurança em uma pequena cidade no Novo México, e um xerife intratável. Para o papel principal,  o  diretor escolheu o ator Forest Whitaker, interprete de personagens memoráveis, entre outros, o inesquecível Charlie Parker em Bird (1988), de Clint Eastwood.
 
Além de Whitaker,  o ótimo elenco conta com Harvey Keitel, Brenda Blethyn, Luis Guzman, Dolores Heredia e a lendária Ellen Burstyn, ganhadora do Oscar em 1975 por “Alice não Mora mais Aqui”, atualmente com 80 anos.
 
Com um orçamento de mais de 20 milhões de dólares, as filmagens de  La Voie de L’ennemi duraram nove semanas.
 
A história  é uma adaptação livre  de Dois Homens na cidade, de 1973, de José Giovanni, que trazia Alain Delon e Jean Gabin nos papéis principais. 
 
Numa coprodução França / Argélia / EUA / Bélgica, o roteiro foi escrito por Bouchareb, Yasmina Khadra e Olivier Lorelle.
 
Bouchareb, de 55 anos retorna  à Berlinale onde em 2009 ganhou o Prêmio Ecumênico e uma Menção Especial do Júri com London River, concorrente ao Urso de Ouro em 2009.
 
Na coletiva que seguiu à projeção – da qual participou o Mccinema  – Bouchareb falou sobre o filme, a escolha do elenco e característica de sua obra. Leia os principais trechos:
 
Whitaker era sua primeira opção para viver Garnett?
 
“Eu sempre pensei nele para o personagem principal. E também sempre achei que  Harvey (Keitel) poderia contracenar com Forest. Enviei o roteiro para eles e foi ótimo que tivessem aceitado”. 
 
Qual mensagem quis passar com seu filme?
 
“As perguntas que eu estou fazendo em meus filmes  são:  onde estamos?  Para onde vamos? e Porque precisamos ter esperança”.
 
A maioria dos seus filmes tem sido um reflexo da realidade. Isso é intencional?
 
“Sim, mas é preciso também deixar claro que se trata de obras ficcionais.   O cinema deve estar numa posição de enfrentar qualquer assunto. Tenho feito isso como diretor, com a minha própria sensibilidade, sem forçar ninguém a partilhar das mesmas ideias”.
 
Acha que seus filmes podem contribuir para mudar a realidade?
 
“Eu faço cinema. Se os historiadores e os políticos querem e podem resolver os problemas, que o façam, para que possamos, com serenidade, virar páginas”.

 

     
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