Festivais - NYFF EXIBIRÁ CLÁSSICOS DE MANKIEWICZ E LEONE
     
 

PUBLICADA EM 18.06.14

Carlos Augusto Brandão

O Festival de Nova York dá continuidade à sua tradição de privilegiar a preservação fílmica.

O evento sempre colocou em sua grade uma sessão especial de um filme  restaurado,  seguida de entrevista coletiva com os restauradores e, quando possível, com a equipe realizadora do filme na ocasião em que foi produzido.
 
Desde a edição / 2013, o evento ampliou essa iniciativa através da criação da Mostra Revivals, que se caracteriza por trazer de volta aos espectadores filmes recuperados, na forma de um retorno de forma nova e diferente.
 
Como ressalta Ken Jones, diretor do NYFF, os filmes constantes da mostra representam um corte transversal na história do cinema.
 
 “Para mim, revisitar os filmes antigos pode ser uma experiência mais rica do que ver novos filmes. Se você estiver vendo qualquer um desses filmes pela primeira vez, terá uma experiência inesquecível”, disse Jones, em sua segunda edição à frente do evento, após substituir Richard Peña, que dirigiu o festival por 25 anos.
 
Coerente com as palavras de Jones, o destaque da  “Revivals” nesta edição (26.09 a 12.10) será  uma retrospectiva de Joseph L. Mankiewicz, com clássicos de sua filmografia que inclui: A Malvada (1950), A Condensa Descalça (1954), Cinco Dedos (1952),  O Fantasma Apaixonado (1947), Eles e Elas (1955), Quem é o Infiel? (1949) e  Júlio Cezar (1953), entre outros. 
 
Dos filmes de Mankiewicz que serão mostrados, um dos raramente vistos é o drama Cinco Dedos, que se passa durante a primeira Guerra Mundial.  A história segue Ulysses (James Mason), que trabalha na Embaixada Alemã, na capital da Turquia, Ancara. Ele é despedido quando descobrem que ele gosta de fotografar correspondência privada.  Entretanto, logo Ulysses consegue emprego na Embaixada Britânica e continua com o seu estranho hobby.  Ele tem o sonho de enriquecer e ir morar no Rio de Janeiro, e para conseguir esse objetivo vai vender fotos e documentos para os nazistas e passa a trabalhar para o II Reich, com o nome de Cícero.
 
Mas um dos mais esperados é certamente A Malvada, grande atuação de Bette Davis no cinema. Ela interpreta Margo Channing, uma diva da Broadway, já com 40 anos e em momento de transição de sua carreira quando já não consegue papéis de destaque.  Eis que conhece sua suposta fã, a jovem Eve Harrington (Anne Baxter), que se torna sua protegida. A partir daí, Eve – que dá nome ao filme no título original –  fará tudo para tomar o lugar de Margo, numa escalada rumo à glória e ao sucesso por meio de mentiras, jogadas sórdidas e dissimulação.
 
Mankiewicz, que começou escrevendo roteiros no fim da era muda e os produziu para a MGM em meados da década de 30, é agora lembrado pelos extraordinários filmes que escreveu e dirigiu entre 1946 e 1972.
 
Outro momento significativo da Mostra será uma sessão especial com Era uma Vez na América, do diretor italiano Sérgio Leone. O filme acaba de ser restaurado  pela Cinemateca de Bolonha, numa versão que inclui 22 minutos de imagens, que nunca foram mostradas.
 
O clássico foi objeto de uma grande reconstituição procurando estar o mais próximo possível das intenções de Leone, que faleceu em 1989.  A versão de 139 minutos, lançada originalmente nos Estados Unidos, era uma manta de retalhos: trocava a ordem das cenas e excluía diversas sequências importantes contendo flashbacks, que tornava difícil o entendimento pelos espectadores.
 
Bastante conhecido e uma das obras primas do cinema, o filme é a história de quatro amigos que crescem juntos, tornando-se gangster. Já na idade adulta, Noodles (Robert De Niro) tenta impedir Max (James Woods ), de assaltar o Federal Reserve Bank, mas o ambicioso amigo não recua.  Noodles então o denuncia à polícia, o assalto fracassa, companheiros são mortos e ele foge de Nova York, suportando um sentimento de culpa durante 30 anos. Recebe uma misteriosa carta que o faz regressar, momento em que revisita suas memórias. 
 
O  NYFF  se caracteriza por não conceder prêmios e exibir uma seleção do que de melhor aconteceu no ano na área cinematográfica, mesclando essas sessões com clássicos do passado.