Festivais - MARAVILHA, ABELHAS E TRADIÇÃO
     
 

PUBLICADA EM 17.09.14

Myrna Silveira Brandão

Le Meraviglie, de Alice Rohrwacher, foi o destaque ontem das sessões de imprensa do Festival de Nova York.

O filme  que havia ganhado o Grande Prêmio do Júri em Cannes /  2014, foi muito bem recebido.
 
Quando recebeu  o prêmio no festival francês, a diretora havia declarado que ele excedeu sua expectativa, mas o filme tinha sido feito com tanto amor que ela se sentia feliz por toda a equipe.
 
Le Meraviglie  é uma delicada obra sobre uma família de apicultores, centrada em Gelsomina (Alexandra Lungu), uma menina de 12 anos, mais velha de quatro irmãs.
 
A jovem vive sob as rígidas regras do pai (Sam Louwich) e vê num concurso de TV – cuja apresentadora é interpretada por Monica Belluci – a chance de mudar sua vida.
 
A diretora fala sobre as metáforas e simbolismos do seu filme, o elenco e os motivos da escolha em falar sobre uma família de apicultores para passar sua mensagem.
 
Sobre a origem do filme
 
“Eu nasci numa região que fica no limite entre Úmbria, Lácio e  Toscana. É uma localidade que tem muita história e eu queria falar sobre o sentimento do que é viver encravado na tradição, principalmente da situação dos jovens”.
 
Sobre a metáfora com as maravilhas
 
“Maravilha é algo que nos deixa sem voz, que se situa entre o mundo terrestre e o fantástico e está em muitos momentos do filme:  está nos cenários, nas famílias que ainda resistem, na luz, nos segredos de infância, nas abelhas, enfim em tudo que é belo e significativo”. 
 
Sobre a opção de retratar uma família de apicultores
 
“Quando era mais jovem, eu trabalhei como apicultora. Talvez conheça mais as abelhas que as pessoas e por isso, além de retratá-las, fiz o filme com muito cuidado, atenta ao que a ambiência local poderia me fornecer”.
 
Sobre a  escolha do elenco
 
“Escolhemos o elenco por meio de testes e fazendo laboratórios. Tivemos um período em que os jovens só trabalhavam com as abelhas. A mãe de uma das meninas me disse que era bom porque se o filme não acontecesse, sua filha, de qualquer maneira, poderia ser apicultora”. 
 
Sobre a protagonista se chamar Gelsomina
 
“Embora La Strada seja um de meus filmes preferidos, a ideia não foi minha, o nome foi dado pelos pais da garota. Se houve a intenção de fazer uma homenagem a Fellini (Federido),  partiu deles. Isso é uma prova como as pessoas simples também possuem uma cultura”.