Festivais - UM FINAL DE SEMANA EM PARIS
     
 

20.09.13

Carlos Augusto Brandão

Filme de Michell estreia no NYFF e integra também a programação do Festival do Rio

Nova York

Roger Michell é um expoente da comédia romântica. Na verdade, essa imagem já estava a caminho quando foi consolidada com Um Lugar Chamado Notting Hill, em 1999. 

Agora, junto com o roteirista Hanif Kureishi – seu parceiro em muitos filmes, como  Recomeçar (2003) e Venus (2006) – ele acabou de realizar a  comédia dramática Le Week-End, selecionada para o Festival de Nova York e que será também uma das atrações do Festival do Rio.

O filme foi muito bem recebido na sessão prévia para a imprensa no  festival nova iorquino  e marca o retorno do diretor ao evento onde esteve no ano passado, com o ótimo Um Final de Semana em Hyde Park.

Em Le Week-End, a história segue Nick (Jim Broadbent) e Meg  (Lindsay Duncan)  que  interpretam um casal de meia-idade e classe média, que vão a  Paris num fim de semana prolongado, na esperança de reacender seu relacionamento.  Sentindo o peso dos anos caírem sobre eles, nem mesmo a capital parisiense consegue animá-los.

Meg é extrovertida, exigente e  acha que merece uma vida melhor, mas se sente desprotegida sem Nick: ele, no entanto,  é tímido, melancólico e desajeitado.

Abordando sentimentos como harmonia, indiferença, frustração, alegria e resignação, o filme traça o retrato de um casamento com todas as perfeições e imperfeições de uma vida a dois.

Nick, de sua parte, tenta reacender a paixão que um dia tiveram um pelo outro,  mas Meg  parece mais interessada em aprender idiomas, tocar piano e dançar tango.

Um encontro casual reúne Nick e Meg com Morgan (Jeff Goldblum),  um escritor que no passado teve fama e fortuna. Numa sequencia em que os três jantam juntos  numa festa, o filme atinge seu auge emocional. 

O ótimo elenco colabora para o tom, típico de Michell,  ora  cômico, ora sério, da trama.  Broadbent e Duncan têm  um excelente desempenho e foram a primeira escolha do diretor.

“Os únicos atores que imaginava fazendo esses personagens eram Jim e Lindsay, porque há algo de charmoso e também de maroto neles”, filosofa o diretor que, com maestria, aborda questões  ligadas à perda, tristeza, decepção e como lidar com o amor.

A trama tinha tudo para virar um pesado dramalhão, mas  ao contrário,  Michell e Kureishi realizaram um filme inspirador e divertido. 

Um ponto alto é a construção de um final lírico e uma bela homenagem a um filme: Banda à Parte (Band of Outsiders),  de Jean Luc-Godard  (1964), que por sinal integrou a programação do NYFF naquele ano.

Michell diz que fez o filme que queria fazer e, embora não acrescente muito, arrisca uma definição direta para Le Week-End: