Festivais - HOLLYWOOD NA BERLINDA
     
 

PUBLICADA EM 24.09.14

Carlos Augusto Brandão

Maps to the Stars, de David Cronenberg foi mostrado ontem numa prévia para a imprensa da 52 edição do Festival de Nova York,


Desta vez, o diretor canadense volta sua câmera para uma família disfuncional. Depois de três grandes filmes – História de Violência, Os Senhores do Crime e Um Método Perigoso, todos com Viggo Mortensen – o segundo filme do autor com Robert Pattinson, após Cosmópolis, dividiu a plateia. Uma parte viu o filme como um certeiro ataque  a Hollywood, outra como um trabalho que não atingiu a proposta que se propunha.
 
O olhar do diretor, de 71 anos, sobre a indústria do entretenimento somente reafirma o estado do mundo.  A sociedade vai mal, a família e o cinema também. O diretor sempre gostou de histórias sobre personagens que operam transformações e, desta vez, sua mensagem vem em tom de comédia. 
 
Embora o tom permaneça o mesmo,  com sua conhecida obsessão por abordar as perversões, mazelas e morbidez os seres humanos e da sociedade de modo geral.
 
O filme tem um bom elenco que  inclui Julianne Moore, Robert Pattinson, John Cusack, Mia Wasikowska, Olivia Williams,  Carrie Fischer entre outros.
 
Map to the Stars segue a família Weiss, que é o arquétipo da dinastia de Hollywood.  O pai Stafford (Cusack) é um analista de autoajuda das estrelas de cinema,  a mãe Cristina só se preocupa com a carreira do filho, um ator de 13 anos. A outra filha  Agatha (Wasikowska), famosa atriz infantil, foi esquecida após ficar com sequelas de um incêndio. Jerome (Pattinson) seu namorado, é um aspirante a ator.
 
Havana (Moore), uma das clientes de Stafford,  é uma atriz que sonha em repetir o personagem que sua mãe Clarice interpretou nos anos 60. O papel deu à Moore o prêmio da categoria em Cannes / 2014.
 
Masps to the Stars remete a Mulholland Drive,  de David Lynch tanto na fotografia quanto na trilha sonora, que tem uma grande proximidade com as músicas de Angelo Badalamenti, compositor preferido de Lynch.
 
Ambos dão uma visão muito questionável de como Hollywood se retroalimenta de sua própria miséria e no caso do filme de Cronenberg vai fundo na  endogamia que engole o mundo do cinema.
 
Cronenberg explica o foco do filme, o cinema atual e as mudanças na sua forma de fazer filmes.
 
 “Resumir o filme a um ataque a Hollywood é ter visão curta, já que é uma história com condições de acontecer em qualquer lugar do mundo. Poderia se passar no Vale do Silício, em Washington, Wall Street ou qualquer canto em que haja pessoas mesquinhas, medrosas ou desesperadas”.
 
“Meu  método de filmar não mudou em face das transformações no cinema atual. O  princípio básico continua sendo dar a cada filme o que ele quer porque cada um pede uma coisa diferente.  Mas é claro que com o tempo, houve mudanças na minha visão.  Hoje evito filmar uma quantidade muito grande de material, o que torna a montagem bem mais rápida”.
 
“Tenho muitos temas em mente e gostaria de poder filmá-los um dia.  Alguns já levei para as telas como foi o caso de um filme sobre psicanálise (Um  Método Perigoso).  Este agora é outro que queria fazer, visualizei no tema uma peculiaridade muito atraente”.