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PUBLICADA EM 25.09.14
Myrna Silveira Brandão
O Festival de Nova York mostrou hoje um filme de tremenda beleza e uma fonte de surpresas continuadas.
Jauja, do argentino Lisandro Alonso, que foi muito aplaudido na sessão prévia para a imprensa.
O longa é uma série de primeiras vezes: primeiro filme de Alonso desde Liverpool, seu primeiro trabalho de época, primeiro filme com estrelas internacionais (lideradas por Viggo Mortensen) e primeiro roteiro escrito com o poeta e novelista Fabián Casas.
Mas a ênfase, como em todos os seus trabalhos, é fortemente centrada nas grandes paisagens.
Ambientado em 1882, o filme segue o engenheiro dinamarquês Gunnar Dinesen (Mortensen) após acordar uma noite e ver que sua filha adolescente (Viildjork Agger Malling) havia fugido com um novo amor.
Levando o essencial (um rifle, uma espada, um telescópio e algo para comer), ele sai à procura dela em seu cavalo e a pé atravessando uma variedade estonteante de matas da Patagônia, rochas, gramados e deserto. A partir daí, o filme mostra Dinesen lutando sozinho contra o vazio imenso do deserto.
O caminho parece se esticar para o infinito tornando o destino de Dinesen totalmente inimaginável. Atrás de qualquer árvore, pedra ou arbusto pode estar um inimigo.
O filme faz referência à mitológica Jauja (Xauxa), no final do século XIX que era uma cidade da província de Xauxa no Peru. Introduz Jauja como um lugar mítico. O que se sabe é que todos que tentaram encontrar este paraíso terrestre se perderam no caminho.
O estilo do diretor atinge o ápice sensorial, levando a ação para uma conclusão emocionante que transcende os limites do tempo e espaço cinemático.
Como nos seus filmes anteriores (La Libertad, 2001, Los Muertos, 2004, Fantasma, 2006 – Liverpool, 2008) Alonso não se afasta do seu tema recorrente: a relação entre as pessoas e as paisagens que o cercam.
O que o fascina é o ato de levar sua câmera a locais distantes, raramente filmados, florestas de baixa densidade populacional e captar um cotidiano que, de outra forma, nunca seria visto nas telas e com tantos detalhes.
Filmado em 35mm, Jauja tem uma beleza encantadora, cores incrivelmente ricas (verde musgo, calça vermelha, vestido azul) e vastos espaços abertos.
O filme ganhou o Prêmio da Fipresci em Cannes na Mostra Um Certo Olhar.
Entre os inúmeros produtores de Jauja estão o Canal Brasil e a Produtora brasileira Bananeira Filmes
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