Festivais - UM ARTISTA REVOLUCIONÁRIO
     
 

PUBLICADA EM 03.10.14

Myrna Silveira Brandão

Joseph Mallord William Turner, o grande pintor conhecido principalmente por suas paisagens marítimas, viveu entre 1775 e 1851e foi precursor dos impressionistas na França.

Parte da história e da personalidade desse artista genial, é retratado em Mr. Turner, de Mike Leigh,  mostrado na 52ª edição do Festival de Nova York.
 
Além do  tema e da ótima  fotografia de Dick Pope, a interpretação de Tymothy Spall, que interpreta Turner,  é um dos pontos altos do filme.
 
O diretor britânico é um veterano do Festival, onde tem lançado diversos de seus filmes, como Segredos e Mentiras, O Segredo de Vera Drake e Simplesmente Feliz, nos quais, como diz, o cerne são os fatos diários da vida. Em todos eles, tem mantido seu inconfundível estilo de retratar histórias reais ou dramas similares à realidade e inerentes ao cotidiano das pessoas.
 
Quando lançado em Cannes, Leigh, Spall e Pope falaram sobre o filme, o trabalho preparatório para viver Turner e a primorosa fotografia.
 
Leigh, sobre a origem do filme, o cenário, os obstáculos que precisou superar e a temática recorrente em sua carreira.
 
“William Turner foi um dos maiores pintores de todos os tempos, o que me fez concluir que sua vida  poderia inspirar um filme fascinante. 
 
“Ele foi também  um revolucionário e achei que era importante destacar isso, até  porque existe uma clara tensão entre um indivíduo defeituoso e seu trabalho épico. Ele conseguia enxergar o oceano e o sol diferentemente de todos nós”.
 
“Para conseguir harmonizar o cenário e a cinematografia, a ajuda de Pope foi fundamental para equilibrar a natureza do pintor brincando com a paleta de cores e os cenários bucólicos da costa sul da Inglaterra”.
 
“Eu não tive muitos recursos para  realizar Mr. Turner. Os 10,3 milhões de libras obtidos de orçamento são mais do que costumo gastar, mas insuficientes para um filme de época, e com filmagens caras. Mas isso nos obrigou a trabalhar com a imaginação e acho que chegamos a um bom resultado”.
 
“Em meus filmes costumo reproduzir na tela a vida em todas as suas nuances e dimensões.  Minha preocupação em ficar velho é a de não ter tempo de contar todas as histórias que gostaria de narrar. Para  mim, a fonte delas é inesgotável seja na ficção, seja retratando figuras biográficas e/ou histórias reais como acontece no filme”.
 
Pope, sobre a pesquisa que precisou realizar para fazer o filme
 
“As cores de Turner estão documentadas na Tate Britain e eu já pesquisava seu trabalho nessa Galeria anos antes de começar a rodar”.
 
Spall, sobre o  prévio e intenso trabalho preparatório para interpretar o protagonista.
 
“Turner era um homem  misterioso e tinha um enorme talento. Eu precisei tomar lições de pintura por dois anos antes de assumir o papel. 
 
“Ele pintava o sublime, a beleza e a violência da natureza. Para mim, ele é uma prova que nem todos os gênios vêm em pacotes bonitos e românticos. Turner era um homem bruto, de coração duro, mas possuía uma alma incrível”.