21.09.13
Myrna Silveira Brandão
Kore-Eda apresenta seu novo filme no NYFF
Nova York
O diretor japonês Hirokazu Kore-Eda emocionou espectadores quando lançou seu filme Ninguém Pode Saber, sobre quatro crianças que, com medo de serem separadas, permanecem na casa e escondem de todos que a mãe as abandonou.
Ele agora volta a falar de crianças, desta vez com Like Father, Like Son, destaque das prévias para a imprensa da 51ª edição do Festival de Nova York, que abre para o público no próximo dia 27 e vai até 13 de outubro.
Vindo de Cannes, onde ganhou o Prêmio do Júri, o filme relata o drama de duas famílias ao descobrirem que seus filhos, já com seis anos, foram trocados na maternidade quando nasceram.
A historia é centrada no casal Ryota (Masaharu Fukuyama) e Midori (Machiko Ono), que educa o filho Keita para que ele seja alguém de sucesso. A outra família, de classe social inferior, não tem planos tão ambiciosos.
A rotina familiar de Ryota e Midori, aparentemente perfeita, é rompida quando o hospital onde Keita nasceu informa que cometeu um erro, pois o menino não é filho biológico de ambos.
O que fazer? Desfazer o engano ou seguir em frente? Essa é a grande dúvida dos pais nesse drama poderoso, mas narrado com leveza e que, em alguns momentos, tem até um pouco de humor. Além de bastante competente, o diretor tem muita sensibilidade para expressar o imaginário infantil e as incertezas e temores dos adultos.
Kore-Eda, que aborda de forma extremamente realista a situação das duas famílias, revela que sua experiência como documentarista o ajudou muito na composição do roteiro e no trabalho com os atores e que, em sua obra, tem mesmo a intenção de mostrar a degradação de valores da família tradicional japonesa.
“As pessoas ainda imaginam a família japonesa com seus papéis bem definidos, como foi mostrado, por exemplo, em muitos filmes de Ozu (Yasujiro) mas hoje a situação é bem outra”, explica o diretor confirmando que, através da história do casal, quis provocar um debate social sobre classes separadas pela situação econômica.
“O filme aborda a questão da luta de classes, mas sem fazer dela o foco central, pois eu tento fazer da ambiguidade a ferramenta para talhar o filme”, ressalta , acrescentando que, embora o longa narre uma história triste, ele quis deixar também uma mensagem positiva.
“É uma trama de perdas sim, mas ao lado das situações de angústia e tristeza, há igualmente momentos de alegria e esperança”, pondera o autor de belos filmes como Marobosi e Depois da Vida.
Para Kore-Eda, a trama de Like Father, Like Son, enseja uma reflexão sobre as transformações ocorridas no seu país nas últimas décadas.
“A história abre caminhos para discutir também temas ligados à família, à opressão da mulher no Japão e à irresponsabilidade social”, complementa.
|