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PUBLICADA EM 24.01.15
Carlos Augusto Brandão
Assistir a um ótimo filme romeno num determinado festival não é mais um fato isolado.
Como também não é a safra de diretores do novo cinema da Romênia com nomes como Cristian Mungiu (4 meses, 3 semanas e 2 dias), Cristi Puium (A morte do senhor Lazarescu); Corneliu Porumboiu (Ao Leste de Bucareste, Police, Adjective) e Califórnia Dreaming, de Cristian Nemescu, que morreu prematuramente aos 27 anos.
É um cinema sempre recebido com expectativas, caso de Norris vs Communism, de Ilinca Calugareanu, o representante romeno na Mostra Documentário Mundial do Festival de Sundance.
Ambientado nos anos 1980, ainda sob o regime de Nicolae Ceausescu, o filme mostra como os romenos sofriam pelo pouco acesso aos bens estrangeiros, bem como com um blackout de informação que os burocratas comunistas usavam para garantir a pureza ideológica.
Mas, nas mostras clandestinas de filmes nas casas de alguns vizinhos – com tapes de VHS contrabandeados por uma rede de distribuição de um só homem – as pessoas tinham uma rápida visão do mundo ocidental e a individualidade de uma cultura com heróis como Jean-Claude Van Damme, Sylvester Stallone, e, claro Chuck Norris.
Em Chuck Norris vs Communism, se pode ver o poder de um filme para mudar indivíduos e sociedades inteiras.
Através das histórias de uma dubladora (a mais famosa voz da Romênia) trazendo as memórias de cidadãos comuns, recriações evocativas de um tempo, e a enorme seleção de clips dos filmes dos 80, o diretor estreante Ilinca Calugareanu apresenta um filme sobre as consequências inesperadas de um entretenimento de massa, levando à conclusão que a maior ameaça à ditadura de Ceausescu pode ter sido o equipamento de vídeo.
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