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PUBLICADA EM 08.02.15
Myrna Silveira Brandão
O diretor Terrence Malick faz questão, de forma consciente ou não, de alimentar a mitologia criada em torno dele, que tem a ver é claro, com seu talento e forma como expressa sua arte.
Certamente por causa disso, havia uma grande expectativa para a sessão de “Knight of Cups”, seu novo trabalho, apresentado na mostra competitiva da 65ª edição do Festival de Berlim.
Além de ter conquistado o Urso de Ouro em 1999 com “Além da Linha Vermelha”, o fato é que cada novo trabalho de Malick é sempre aguardado como uma experiência única. Talvez pela fama de enigmático, pela escassez de sua produção – em 38 anos realizou apenas sete longas-metragens – ou até pela fidelidade de seus admiradores.
Como também costuma acontecer nas sessões dos seus filmes, não importa onde aconteça, o diretor, mais uma vez, esteve ausente. E tudo que se disser sobre ele é sempre algo dito por alguém. Ele mesmo, não dá entrevistas desde os anos 70 e não gosta que fotos suas sejam tiradas.
“Knight of Cups” – cujo título se refere a uma carta de Tarô – tem um grande elenco composto por Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman, Antonio Banderas, Brian Dennehy, Isabel Lucas, Imogen Poots, Wes Bentley, Freida Pinto, Teresa Palmer, Armin Mueller-Stahl e a voz de Ben Kingsley.
O filme é a história de Rick, um típico produto do sistema hollywoodiano, viciado no sucesso, mas que simultaneamente se desespera com o vazio e o sentido de sua vida. Embora se sinta confortável no seu mundo de ilusões, está em busca da vida real.
A coletiva aconteceu com os atores Natalie Portman, Christian Bale e os produtores Ken Kao, Nicolas Gonda e Sarah Green que tentaram suprir a falta de Malick.
Bale explicou como foi o processo para entender o personagem, provocando risos na plateia.
“Malick não me disse nada do que se tratava”, entregou o ator, complementando que só sabia que o nome dele era Rick.
“Eu não sabia qual ia ser a cena do dia seguinte. Acho que o filme é sobre os sonhos e desejos de alguém poderem ser atingidos. Na verdade, é uma viagem e isso é tudo”, contou Bale tentando descrever o personagem.
“É alguém que teve sucesso, mas apesar de estar no topo da montanha, tudo para ele é uma tediosa repetição. Ele inicia uma jornada, mas não sabe exatamente para onde”, explicou.
Portman disse que se sentiu muito feliz e recompensada por ter feito o filme.
“Eu aprendi muito com Malick, porque ele está sempre nos ensinando que as regras da filmagem não são necessariamente as mesmas de sempre. É como abraçar o desconhecido”, comparou acrescentando que Malick como ser humano consegue ser ainda melhor do que o grande diretor que é.
“Sou uma fã ardorosa dele e o admiro desde Badlands (1973)”, revelou a atriz.
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